Assessor de Zelensky renuncia após admitir erro de Kiev na tragédia de Dnipro
Aleksey Arestovich, alto assessor do presidente ucraniano Vladimir Zelensky, apresentou sua renúncia na terça-feira (17), após ter cometido a indiscrição ao vivo no domingo em um canal de Youtube de admitir que foram as forças ucranianas que atingiram um míssil russo sobre a cidade de Dnipro no sábado, fazendo-o cair em um prédio residencial, o que contradizia a narrativa da mídia pró-Kiev de que “os russos atacaram um prédio civil com um míssil”, matando e ferindo dezenas.
Na entrevista no canal de youtube, Arestovich havia relatado ter recebido informações sobre o que acontecera em Dnipro. “Meu amigo, ex-soldado do PVE, caminhava pela rua no momento do golpe. Ele me disse que ouviu 100% duas explosões, a primeira que ele identificou como trabalho de defesa aérea. Até agora ele não errou. E tinha certeza de que o míssil foi abatido”.
Coerente com esse relato, vídeo reproduzido pela RT em alemão (de.rt) na terça-feira registra a fachada do prédio momentos antes de ser atingido, em que é visível um flash no céu. O que, para os analistas, se trata exatamente quando o míssil interceptador ucraniano explodiu desviando – direto para o prédio, desafortunadamente – de seu alvo pré-determinado o míssil russo.
Uma seção do prédio foi aniquilada. De acordo com as autoridades locais, a explosão matou 44 civis – incluindo quatro crianças – e feriu 79; cerca de 20 estão desaparecidas.
A Rússia já se manifestara de que “a tragédia” – a expressão é do porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov – em Dnipro era a consequência de erros da própria defesa antiaérea ucraniana.
“A tragédia [do Dnipro] foi resultado da ação de um contra-míssil da defesa aérea [ucraniana]”, assinalando ainda a “admissão” de “autoridades ucranianas”.
“As Forças Armadas Russas não visam edifícios residenciais ou instalações de infraestrutura social. Os ataques visam apenas alvos militares”, ele acrescentou a jornalistas.
Como se sabe, os mortos de Dnipro não são as únicas vítimas de erros da defesa antiaérea do regime de Kiev. A exemplo do que aconteceu em dezembro, quando um míssil antiaéreo ucraniano acabou alcançando a Polônia e matando duas pessoas.
Diante da repercussão, Aleksey Arestovich, apresentou sua carta de renúncia, já aceita por Zelensky, pedindo desculpas aos que se sentiram “feridos por minhas palavras”, mas dizendo que “o nível de ódio direcionado a mim” por pessoas que estão distorcendo a questão é “incomparável com as consequências da minha versão preliminar errônea no ar”.
O prefeito de Dnipro, Boris Filatov, desancou Arestovich, chamando-o de “um animal narcisista e um boca suja”, e convocou a polícia política de Zelensky, a SBU, a “dar um trato” nele. O parlamento exigiu sua imediata demissão.
Os militares ucranianos também se manifestaram no entrevero, asseverando simplesmente não terem meios para abater mísseis supersônicos de cruzeiro como o russo Kh-22, que alegavam estar envolvido no incidente. Informação que é contradita por anúncios anteriores dos próprios militares ucranianos, se gabando de derrubarem o míssil russo Kh-22.
Segundo o comandante da força aérea ucraniana, Mykola Oleshchuk, os Kh-22 só poderão ser abatidos quando “os parceiros ocidentais” fornecerem os sistemas Patriot.
Mas, como registra o jornal russo Izvestia, “pelo menos três relatórios da derrubada de mísseis Kh-22” foram encontrados em relatórios militares ucranianos. “Assim, em publicação datada de 30 de maio, a Força Aérea informou que derrubou um míssil no céu sobre a região de Odessa, também postou fotos dos fragmentos. Mensagens semelhantes foram publicadas em 29 de junho e 1º de julho”.
Inconsistências resolvidas por declaração de porta-voz da Força Aérea, Yuri Ignat, em que ele admitiu que as Forças Armadas da Ucrânia estão mentindo diretamente em seus relatórios. “As informações fornecidas em recursos oficiais são geralmente confiáveis, mas existem várias publicações não confiáveis com Kh-22s e S-300s abatidos, isso é um fato”, disse ele.
Nos últimos meses, não faltaram depoimentos de como foi preparada a guerra “até o último ucraniano” contra a Rússia, com a ex-primeira-ministra alemã Angela Merkel e o ex-presidente francês François Hollande confirmando que os acordos de Minsk foram para rearmar a Ucrânia – aquela imposta no golpe CIA-Azov em 2014, e que tinha como ‘patriarca’ o colaboracionista nazista Bandera. E não para garantir os direitos e autonomia dos falantes russos.
Agora, líderes de países cúmplices da guerra por procuração de Washington/Otan contra a Rússia na Ucrânia, tentam usar a tragédia de Dnipro como pretexto para entupirem de armas a Ucrânia e dificultarem negociações e para decretarem mais sanções. E, ao fazê-lo, apenas se tornam mais dependentes dos EUA, inclusive sob risco de destruição da indústria europeia. Apesar disso, o mundo unipolar “sob regras” de Washington segue definhando.
Papiro (BL)