Casa atingida por míssil ucraniano na cidade russa de Klintsy (Reprodução)

Ao comentar a participação de militares dos Estados Unidos nos ataques perpetrados pela Ucrânia contra o território russo, a porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, destacou que “tais ações do regime de Kiev são realizadas com a aprovação dos EUA, que estão diretamente envolvidos na orientação de sistemas de artilharia e mísseis, bem como no fornecimento de inteligência por satélite às forças armadas ucranianas”

Zakharova fez estas denúncias em um breve pronunciamento nesta quinta-feira (15), destacando ataques de sabotadores ucranianos a cidades e povoados russos, incluindo um recente ataque com foguete à cidade de Klintsy, na região de Bryansk, em 13 de dezembro.

“Inspirados por esse apoio, os políticos ucranianos já estão anunciando sua intenção de atacar infra-estruturas críticas quase nos subúrbios de Moscou. Washington, que se tornou de fato parte do conflito, não poderá evitar sua cumplicidade no terror desencadeado pelo regime de Kiev contra a população civil russa e eximir-se da responsabilidade pelas mortes e destruição causadas por armas norte-americanas a partir de informações dos EUA”, afirmou.

Zakharova chamou a atenção para o discurso do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, aos líderes do G7, quando falou em “exigir que os apoiadores do regime de Kiev forneçam ajuda militar e financeira adicional, que a Rússia comece a retirar as tropas até o Natal” e que o mundo “convoque uma cúpula global para aplicar a ‘fórmula de paz’”, engendrada por ele. “Essa ‘fórmula’ está longe da realidade”, frisou a diplomata.

“Estas pseudo-iniciativas de paz são disfarçadas com palavras de compromisso, com métodos diplomáticos de solução”, declara Zakharova. Ela insiste que basta “um simples plano de paz”.

“O nosso país tem repetidamente sublinhado, em resposta a perguntas e esclarecimentos pertinentes, que não foi Moscou que interrompeu as negociações em abril, mas o regime de Kiev. Toda a responsabilidade pelo abandono da diplomacia como método é do regime de Kiev. E as novas realidades estão moldando um novo panorama no terreno. Consequentemente, como já disse a liderança russa, simplesmente lhes será mais difícil chegar a acordos mais à frente”, disse Zakharova na sessão informativa.

“Nada adequado pode ser esperar das autoridades de Kiev”, acrescentou.

A visita de Martin Griffiths, secretário-geral adjunto das Nações Unidas para Assuntos Humanitários, à cidade de Kherson pretende politizar a atividade humanitária e especular com o sofrimento de habitantes pacíficos, manifestou Zakharova, caracterizando a chegada dele como “provocação”.

“A visita de Martin Griffiths à cidade de Kherson e sua província, cujos habitantes votaram em referendo a favor de unir-se à Rússia e assim o fizeram, tem um caráter abertamente provocador e, portanto, inaceitável. O secretário-geral da ONU deveria pôr fim a tais ações de seus funcionários do bloco humanitário e exigir que – em vez de realizar viagens provocativas – cumpram as obrigações do Secretariado que decorrem do memorando Rússia-ONU de 22 de julho, sobre a cessação das tentativas do Ocidente e do regime de Kiev para impedir as exportações russas de grãos e fertilizantes”, assinalou.

“Apreciamos os esforços humanitários que a ONU desenvolve em vários países e regiões do mundo. Mas neste caso específico, em nossa opinião, a organização não se coloca o nobre objetivo de prestar ajuda a quem precisa, mas sim às pretensões de altos representantes do secretariado da ONU de politizar a atividade humanitária e especular com o sofrimento de habitantes pacíficos, cumprindo a ordem política de Kiev”, disse Zakharova durante coletiva de imprensa.

Em 22 de julho, em Istambul, na Turquia, dois documentos inter-relacionados foram assinados para resolver os problemas de abastecimento de alimentos e fertilizantes aos mercados internacionais: o primeiro, um memorando, estipula a obrigação da ONU de remover várias restrições às exportações de produtos agrícolas e fertilizantes russos para os mercados internacionais, e o segundo define diretrizes para a saída de produtos agrícolas da Ucrânia dos portos do Mar Negro sob seu controle.

Mas Moscou declarou que o memorando ainda não está funcionando como combinado e esperado.

Papiro

(BL)