Moscou advertiu: “teto de preço” endossado pelo G7 atenta contra seus próprios países (foto divulgação de Plataforma russa de petróleo)

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que Moscou “não aceitará” que as nações do Grupo dos Sete, União Europeia (UE) e Austrália imponham um teto no preço de US$ 60 por barril de petróleo russo transportado por mar. Na sexta-feira (2), o petróleo Brent futuro foi negociado a US$ 85,42 o barril.

Conforme a TASS, agência de notícias russa, está sendo analisada a resposta a ser dada às sanções, que estão prestes a entrar em vigor na próxima semana com o objetivo de estrangular a economia russa.

O fato é que ao se subordinarem às orientações de Washington para tomarem partido no conflito militar com a Ucrânia, os governos do G7 provocarão uma alta no preço do combustível, comprometendo o abastecimento dos seus países.

“Reafirmamos nossa intenção conjunta de preparar e implementar uma proibição abrangente de serviços que permitam o transporte marítimo de petróleo bruto e derivados de petróleo de origem russa em todo o mundo. A prestação de tais serviços só será permitida se o petróleo e os produtos petrolíferos forem adquiridos ao preço fixado ou abaixo dele”, aponta o comunicado dos ministros das finanças dos países do G7.

“EUROPA SEM O PETRÓLEO RUSSO”

“A partir deste ano, a Europa viverá sem petróleo russo”, alertou Mikhail Ulyanov, embaixador de Moscou nas organizações internacionais em Viena, em postagens nas redes sociais neste sábado (3).

A Rússia reiterou que da mesma forma que fez com o gás, não fornecerá petróleo a países que implementem limites ao seu combustível. Uma vez executado, o teto de preço do G7 permitiria que países não pertencentes à UE continuem importando petróleo bruto russo por via marítima, proibindo empresas de transporte, seguros e resseguros de manusear cargas de petróleo russo em todo o mundo, a menos que seja vendido abaixo de US$ 60. A medida dificultaria o embarque de petróleo russo com preço acima do teto, mesmo para aqueles países que não fazem parte do acordo.

Por isso, na avaliação do The Economist, “o Departamento do Tesouro dos EUA tem desenvolvido um plano astuto para suavizar as coisas, ao permitir que as empresas europeias continuem o oferecer os seus serviços, desde que o petróleo em causa seja comprado a um preço reduzido estabelecido pelo Ocidente”.

Como a China (1,41 bilhão de habitantes), a Índia (1,39 bilhão) e a Indonésia (276,4 milhões) não vão se somar à política de sanções e embargos implementada pelos EUA, o jornal britânico acredita que o “verdadeiro equilíbrio de poder” no mercado de petróleo se tornará mais claro depois desta segunda-feira (5), com a possibilidade de um “aumento violento de preços”.

Na maior desfaçatez, a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, declarou que a imposição do limite tem o propósito de beneficiar particularmente os países de baixa e média renda que sofreram o peso dos altos preços de energia e alimentos. Posteriormente, acrescentou que “com a economia da Rússia já se contraindo e seu orçamento cada vez mais apertado, o teto de preço reduzirá imediatamente a fonte de receita mais importante de Putin”.

A embaixada da Rússia nos EUA voltou a advertir que a medida adotada pelo G7 atenta contra a própria sobrevivência de seus países, que já se encontram em crise, enfatizando que Moscou seguirá comercializando o seu petróleo. “Medidas como essas resultarão inevitavelmente em incerteza crescente e impondo custos mais altos para os consumidores de matérias-primas. Independentemente dos flertes atuais com o instrumento perigoso e ilegítimo, estamos confiantes de que o petróleo russo continuará sendo procurado”, concluiu a embaixada.

Papiro

(BL)