Sanções são tiro no pé da União Europeia, afirma diplomata russo
As novas sanções à Rússia impostas pela União Europeia (UE) são medidas que prejudicam sobremaneira os interesses dos Estados membros do bloco, apontou o vice-ministro das Relações Exteriores da Federação da Rússia, Aleksander Glushko.
Em entrevista desta sexta-feira (16) ao portal Sputnik, o diplomata afirmou que é impossível não ver que todas essas sanções só beneficiam os Estados Unidos e acrescenta que a Rússia desenvolverá medidas para garantir seus interesses econômicos.
“Eles [Estados da UE] estão abandonando os princípios de mercado – em energia, finanças e em muitas outras áreas. Esta é a escolha deles. Mas, quando implementada em ações concretas, mina as relações econômicas internacionais na forma em que foram formadas nos últimos anos e prejudica os interesses econômicos desses mesmos países”, disse Glushko na entrevista.
Ainda nesta sexta-feira (16), o Conselho da União Europeia adotou o nono pacote de sanções contra indivíduos e entidades russas. O pacote atinge quase 200 pessoas e entidades de diversos setores do país. A medida impõe, ainda, novas restrições à exportação de bens e tecnologia, o que afeta a venda de produtos que possam contribuir para a “potencialização” tecnológica da Rússia a pretexto de atingir os setores de defesa e segurança.
Desde fevereiro, quando Moscou lançou sua ‘operação de desarmamento e desnazificação’ na Ucrânia, os EUA, a União Europeia e a Grã-Bretanha impuseram restrições econômicas contra a Rússia. Em outubro, a UE adotou seu oitavo pacote de sanções, que incluía uma legislação espúria a estabelecer um teto de preço para embarques marítimos de petróleo russo a outros países.
Este mês, o bloco europeu também aderiu à decisão do G7 de estabelecer um teto de preço para o petróleo russo em US$60 por barril. O limite será revisado a cada dois meses para permanecer em 5% abaixo da referência da Agência Internacional de Energia.
Até agora, as sanções resultaram em uma grande crise de abastecimento de combustível na Europa, provocando inflação recorde e disparada nas tarifas de energia.
A Rússia tem se recusado a submeter ao limite de preço, vendendo petróleo apenas a países que cumpram os preços com base no mercado.
A Rússia e a China aprofundaram a cooperação entre os dois países, estreitando ainda mais suas relações econômicas e comerciais em resposta à pressão norte-americana à qual se submeteu a União Europeia.
De acordo com o The Wall Street Journal, as medidas expandem as importações chinesas de petróleo, gás e produtos agrícolas russos, expandem a cooperação energética no Ártico e aumentam os investimentos chineses em infraestruturas russas.
China e Rússia também passarão a utilizar moedas próprias em suas transações, abandonando o dólar e o euro como forma de se proteger de futuras sanções. “O desenvolvimento das relações bilaterais é baseado nos princípios de não alinhamento, não confrontação e não visando terceiras partes”, reiterou o ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi.
Em suma, como destaca também o portal Sputnik, a parceria entre Moscou e Pequim pode acabar de vez com a pressão econômica ocidental, além de aumentar a divisão global, colocando em xeque a influência norte-americana em diversas regiões e remodelando a ordem internacional.
Papiro
(BL)