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Em novembro, a proporção de famílias inadimplentes atingiu o patamar de 30,3%, um avanço de 4,2 pontos percentuais (p.p) frente a novembro de 2021, segundo dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), apurada mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Dos consumidores com até 10 salários de renda mensal, 34,1% não conseguiram pagar suas dívidas dentro do vencimento, a maior proporção da série histórica da pesquisa, iniciada em 2010.

No mês passado, o percentual de famílias que relataram ter dívidas alcançou 78,9% do total das famílias brasileiras, alta de 3,3 p.p em comparação com o mesmo período de 2021. São dívidas com cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de casa, com as maiores taxas de juros dos últimos cinco anos, segundo a CNC.

Com pleno apoio do governo Bolsonaro, o Banco Central (BC) elevou a taxa básica de juros da economia (Selic) de 2% ao ano em março de 2021 para os atuais 13,75% ao ano, fazendo com que os brasileiros paguem a maior taxa de juros reais do mundo. Na “via crúcis” dos juros altos, a proporção de famílias que se consideram muito endividadas chegou a 17,5% do total de lares mês passado, uma alta de 2,7 p.p. na comparação anual.

De acordo com a CNC, “tem chamado a atenção o volume de consumidores com mais da metade da renda comprometida com o pagamento de dívidas. Em novembro, 21,6% do total de endividados estava nessa situação, crescimento anual de 0,8 p.p. Em média, o brasileiro precisou gastar 30,4% de toda a sua renda apenas para pagar dívidas em novembro, isso sem contar as contas de consumo (água, energia, telefone, gás, etc.)”.

“Os orçamentos das famílias de menor renda seguem apertados porque os juros altos aumentam as despesas financeiras associadas às dívidas em andamento. Com maior nível de endividamento, está mais difícil pagar todos os compromissos em dia, contas de consumo e dívidas”, declarou a economista Izis Ferreira, responsável pela pesquisa.

A pesquisa da CNC aponta que o volume de consumidores que revelaram não ter condições de pagar dívidas já atrasadas de meses anteriores também cresceu em novembro, atingindo 10,9% do total de famílias. No recorte por renda, 13,4% das famílias com menores rendimentos permanecerão inadimplentes. Ressalta-se ainda, que mesmo os consumidores buscando a renegociação, o volume dos

que reportaram atrasos na quitação de dívidas por mais de 90 dias também piorou no mês passado. Das famílias inadimplentes, 42,5% estão com atrasos acima de três meses, um aumento de 1 p.p. no comparativo anual.

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(BL)