Um dos golpistas do grupo Reichsbürger é detido pela polícia alemã (Boris Roesler-AFP)

Com as 25 prisões desta quarta-feira (7), foi desbaratada a ação golpista dos participantes do bando Reichsbürger (Cidadãos do Reich). A ministra do Interior, Nancy Faeser, garantiu que as autoridades responderão com toda a força da lei “contra os inimigos da democracia”.

De acordo com a Promotoria, o grupo já havia feito planos para governar a Alemanha com departamentos de saúde, justiça e relações exteriores. Os fanáticos entenderam que só poderiam atingir seus objetivos por “meios militares e violência contra representantes do Estado”, o que incluía a realização de uma série de assassinatos.

Um empresário do ramo imobiliário que se assume como “Heinrich XIII” e se autodenomina príncipe – na verdade Heinrich Reuss, descendente de uma família nobre de Frankfurt – seria uma das peças centrais na ação, tendo a seu lado o chamado “Rudiger v. P.”, ex-comandante de paraquedistas e a jurista Birgit Malsack-Winkemann, ex-representante do partido Alternativa para a Alemanha (AfD) no parlamento federal entre 2017 e 2021.

Reconhecida por suas posições de extrema-direita, Malsack-Winkemann ocupou as manchetes dos jornais recentemente devido a uma tentativa fracassada de um político em Berlim de impedi-la, após o fim do seu mandato parlamentar, de reassumir o cargo de juíza do tribunal distrital na capital alemã. A solicitação do parlamentar foi negada em outubro.

Os extremistas do Reichsbürger – grupo estimado em 21 mil pessoas – vêm sendo seguidos de perto pela polícia alemã devido aos ataques violentos perpetuados e às teorias de conspiração racistas e antissemitas. A trama audaciosa, avaliam as autoridades, indica maior comprometimento – e radicalização – que pode andar de mãos dadas com o crescimento da desinformação pandêmica online.

Entre outras violências do grupo, denuncia a polícia, está a conspiração para sequestrar o ministro da saúde alemão – arquitetada por uma gangue ligada a essas pessoas em abril. Há também uma série de postagens em apoio aos movimentos “Cidadãos Soberanos”, que acreditam ser imunes às regras do governo, como a vacinação.

A ofensiva governamental foi realizada na madrugada de quarta-feira, com a mobilização de três mil policiais em 150 operações em 11 dos 16 estados está sendo descrita como uma das maiores já realizadas na história da Alemanha moderna. Outras duas pessoas foram presas na Áustria e na Itália.

Rüdiger von P também é suspeito de tentar recrutar policiais no norte da Alemanha, mantendo quartéis do exército como alvo. Bases nos estados de Hesse, Baden-Württemberg e Baviera foram todas inspecionadas para possível uso depois que o governo fosse derrubado, informaram as autoridades.

Um dos investigados era membro das Forças Especiais de Comando, e a polícia revistou sua casa e seu quarto na base militar Graf-Zeppelin em Calw, a sudoeste de Stuttgart.

Vários ataques violentos foram associados à extrema direita da Alemanha nos últimos anos. Em 2020, um homem de 43 anos matou a tiros nove pessoas de origem estrangeira na cidade de Hanau, no oeste do país, e um membro do Reichsbürger foi preso por matar um policial em 2016.

Papiro (BL)