Petrobrás suspende venda de fábrica de fertilizantes no Paraná
A Petrobrás informou que as negociações para venda da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados da Petrobrás no Paraná (Fafen-PR) foram encerradas. A Fafen-PR – Ansa (Araucária Nitrogenados) foi fechada em 2020 pelo governo de Jair Bolsonaro como parte do plano de desmonte da Petrobrás, com a saída da estatal do setor de fertilizantes.
Com a decisão, o futuro da fábrica vai depender da decisão dos novos gestores da estatal e do governo eleito – que já afirmou ser contra a venda de ativos da Petrobrás.
A estatal saiu definitivamente do setor de produção de fertilizantes por decisão do governo Bolsonaro em 2019. Com o objetivo de privatizar o parque da Fafen, localizado em Araucária no Paraná, o governo iniciou negociações de venda com a empresa norueguesa Yara, que agora fracassam. O fechamento da Fafen-PR resultou na demissão de cerca de 1000 trabalhadores, 400 próprios e 600 terceirizados.
O resultado do fechamento da fábrica foi o aumento da dependência do Brasil de fertilizantes importados. Segundo dados da balança comercial brasileira, da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil gastou US$ 15,2 bilhões em importações de adubos e fertilizantes químicos em 2021, mesmo tendo um parque de produção montado e matéria prima para atender à demanda doméstica.
A Fafen-PR era responsável pela produção de 30% do mercado brasileiro de ureia e amônia, utilizados na produção de fertilizantes. Além disso, também supria 65% do Agente Redutor de Líquido Automotivo (ARLA 32) – aditivo redutor de emissão de gases para veículos de grande porte. Hoje, com o Brasil se posicionando como quarto maior produtor de grãos do mundo, 85% desses produtos são comprados lá fora.
“Dependemos da importação de fertilizantes que antes a Petrobrás produzia em Sergipe, Bahia e Paraná, da mesma forma que a privatização e subutilização de nossas refinarias vêm tornando o país dependente da importação de derivados do petróleo”, diz Deyvid Bacelar, coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP). “Perdemos ativos importantes no governo Bolsonaro, agora precisamos reconstruir o que foi destruído nos últimos anos”, declarou o dirigente, ressaltando que a produção interna de fertilizantes é uma questão de soberania nacional – vide a situação caótica de desabastecimento durante a pandemia.
“A produção de fertilizantes é estratégica. Comer é algo que independe de crenças. Quando falamos de agricultura, estamos falando de uma questão de segurança nacional. A questão alimentar extrapola ideologias”, apontou Gerson Castellano, petroquímico e diretor de relações internacionais da FUP.
No processo de saída do setor, as Fafens da Bahia e de Sergipe foram vendidas e a Fafen do Mato Grosso do Sul, com 80% das obras concluídas, está parada.
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(BL)