Militância partidária definiu candidaturas com vistas às eleições de 2023 (LWS)

As convenções partidárias realizadas neste domingo (18) no Paraguai, assim como os candidatos recentemente definidos, começam a confrontar dois projetos de nação para as eleições de 30 de abril de 2023. “De um lado está a afirmação do desenvolvimento, com redistribuição da terra e da renda, fortalecimento e democratização da estrutura pública; do outro, o da subordinação do Estado a assaltantes”, afirmou o economista Raul Monte Domecq.

Eleito nas internas da Concertação com quase 60% dos votos, o oposicionista Efraín Alegre denunciou que a Aliança Nacional Republicana (Colorados), atualmente no comando do país, foi “sequestrada” pelo chefe do crime organizado, Horacio Cartes, que impôs seu candidato, Santiago Peña.

Com 51,66% dos votos, o cartista Peña venceu as prévias coloradas do oficialista Arnoldo Wiens, que obteve 43,85%, como um “voto castigo” ao atual presidente Mario Abdo, particularmente pela trágica gestão da pandemia e debilidades governamentais.

Ex-presidente entre 2013 e 2018, logo após o golpe contra Fernando Lugo (2008-2012), Cartes implementou uma política neoliberal devastadora, que tinha como marca a corrupção e a perseguição.

Mas, no caso colorado, é a troca de seis por meia dúzia, já que entre outros inúmeros casos de assalto aos cofres públicos, há ordens de prisão e uma montanha de acusações contra Horacio Cartes. Entre elas, as que o ligam a uma rede transnacional de lavagem de dinheiro que teria movimentado cerca de US$ 1,6 bilhão e operado através de contas em 52 países.

Alegre disse que, em contraposição a esses descaminhos, tem na sua candidata à vice-presidência da Concertação, Soledad Nuñez, a determinação da juventude que não foge da participação nos momentos decisivos. Cinicamente, o presidenciável tentou atrair os votos de Lugo, que se encontra hospitalizado na Argentina, homenageando a sua liderança, procurando esconder que, quando era senador, voou expressamente do México para votar pelo impeachment do então presidente.

UNIDADE ACEVEDO-QUEREY

O candidato à presidência pelo Movimento Nova República, Euclides Acevedo, e seu vice, o senador Jorge Querey, da Frente Guasú, não realizaram convenção partidária, já que estão unificados com um programa de governo.

Euclides anunciou que terá conversações “com todos, não somente com os que ganharam” as convenções. “Nossa proposta é inclusiva, sempre falamos de um gabinete tricolor (a bandeira paraguaia é vermelha, branca e azul). Isso sim é inegociável: a decência e a idoneidade”, ressaltou o ex-ministro do Interior e das Relações Exteriores.

“Não haverá qualquer pacto com nenhum grupo político que não aceite a luta contra a corrupção, contra o crime organizado e contra a impunidade. Não deve haver oposição a uma política de equidade fiscal ou de transformação estrutural da terra”, sustentou Euclides, reiterando o compromisso com a “integração e a industrialização”.

O fato é que o Paraguai precisa crescer, gerando emprego e renda, enfatizou, “e qualquer negociação a que cheguemos será pública, com a cidadania informada e não sujeita a acordos noturnos por debaixo dos panos”.

Para a ativista social e ex-presa política da ditadura de Alfredo Stroesnner (1954-1989), Guillermina Kanonnikoff, “é importante o compromisso assumido por Euclides de que nos primeiros 100 dias de governo estará empenhado em fazer um grande contrato social entre o Estado e toda a sociedade civil”. Na avaliação de Guillermina, companheira de prisão de Euclides Acevedo, “este passo conjunto é essencial para definirmos qual o país queremos e trabalharmos com afinco na construção de um plano nacional de desenvolvimento”.

Papiro

(BL)