Entidades respaldam o governo de Castillo, que enfrenta o terceiro pedido de impeachment dos golpistas (CGTP)

O movimento sindical e popular do Peru convocou para a próxima quarta-feira (7), dia da votação do impeachment do presidente da República, Pedro Castillo, uma grande manifestação na capital, Lima, contra o golpe.

Desde que o candidato oposicionista assumiu o poder. em julho do ano passado – após derrotar a candidatura da neofascista Keiko, filha do ex-ditador Alberto Fujimori, preso por crimes de lesa-humanidade -, esta é a terceira vez que os golpistas tentam afastar Castillo por suposta “incapacidade moral”.

“Confiamos em que os setores democráticos do Congresso e as forças sociais do país se coloquem do lado da institucionalidade e da governabilidade”, afirmou o presidente, convocando todos a “trabalharem juntos, com maior unidade, para resolver os grandes problemas da sociedade peruana”. “Fomos eleitos democraticamente para um período de cinco anos e nada nos impedirá de continuar no comando da nação até o último dia de nosso governo, 28 de julho de 2026”, enfatizou.

Pedro Castillo reconheceu que o país atravessa “um momento difícil, com uma crise pela quinta onda de pandemia”, e que diante disso ratifica seu “compromisso com a democracia, o Estado de direito e a Constituição”.

Diante das ameaças golpistas, o conjunto das organizações sindicais e sociais que compõem a Assembleia Nacional dos Povos (ANP) realizará uma marcha “em defesa ativa da democracia, da pátria e do futuro do país, frente as atitudes antidemocráticas daqueles que pretendem instalar uma ditadura fascista no Peru”.

Um dos dirigentes da ANP, o secretário-geral da Confederação de Trabalhadores do Peru (CGTP), Gerónimo López, reiterou a necessidade de barrar a tentativa neofascista. Segundo Gerónimo, mais do que uma defesa incondicional do governo, o que se pretende é defender o voto popular expresso nas urnas, “que apontou para a necessidade de mudanças, determinação que não vem sendo respeitada pela maioria dos parlamentares”.

‘Se é bem verdade que o povo está lutando contra um Congresso que afronta os interesses da maioria, também está se mobilizando em favor da democracia e do cumprimento das suas reivindicações. Há questões importantes que são políticas gerais do governo, que dependem de sua vontade política e não estão sendo abordadas”, condenou o líder dos trabalhadores.

Conforme Gerónimo, com a surrada e “deslegitimada alegação do impedimento por invalidez moral” se estaria atentando contra a democracia e isso provocaria, evidentemente, uma explosão social, “porque o povo já deixou claro que não aceita esse Congresso, que tem mais de 90% de desaprovação”.

A gravidade da situação, requer um aprofundamento da reflexão, aponta o líder da CGTP, defendendo que os congressistas que realmente pensam em favor do país trabalhem para construir um pacto social que unifique a movimentos, governo e empresários, a fim de se chegar a um consenso em prol do desenvolvimento nacional, com geração de empregos, fortalecimento da renda e ampliação de direitos. “O povo exige trabalho, uma verdadeira reforma agrária e políticas que atendam os setores com menos recursos, para que não se alimente uma confrontação social”, condenou.

Para a deputada Margot Palacios, do Partido Peru Livre, “a saída para a crise econômica, social e política é a instalação de uma Assembleia Constituinte”, como a reivindicada pelas entidades populares, para desmantelar a estrutura neoliberal herdada de Fujimori. “Não podemos ser cúmplices de um governo que abandonou as bandeiras da mudança estrutural, mas também não apoiaremos a direita golpista que se opõe ao povo”, concluiu.

Papiro

(BL)