Ministro do STF afasta prefeito golpista de cidade do Mato Grosso
Após incitar atos golpistas contrários à eleição de Lula, o prefeito da cidade de Tapurah, no Mato Grosso, Carlos Alberto Capeletti (PSD), foi afastado por 60 dias do cargo por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), proferida nesta quarta-feira (7).
Na decisão — que faz parte do processo relativo aos atos antidemocráticos que bloquearam vias e estradas pelo país — o ministro destaca a “inequívoca intenção”, por parte do prefeito, de “subverter a ordem democrática”. O STF foi acionado pela Procuradoria Geral de Justiça do MT, devido à gravidade dos fatos.
Capeletti incentivou caminhoneiros, comerciantes e empresários a irem a Brasília no dia 15 de novembro, para uma “batalha final” contra o resultado das eleições e cobrou ação do Exército com ameaças ao Congresso e ao Supremo. O prefeito é o primeiro político afastado no âmbito desses processos. Em seu lugar assume o vice, Odair Nunes (PSD).
O despacho salienta ainda “o recrudescimento dos atos de hostilidade, radicalismo e violência propriamente dita, contra pessoas e o patrimônio público e privado, para além da já condenável violência em ambiente virtual, inclusive com a mensagem de insurgência contra as instituições democráticas, em especial contra a autoridade dessa Corte, decorrente da mobilização por redes sociais feita de forma não espontânea e concertada por grupos políticos e econômicos determinados”.
Moraes também destacou que “o potencial danoso das manifestações ilícitas fica absolutamente potencializado considerada a condição financeira dos empresários apontados como envolvidos nos fatos, eis que possuem vultosas quantias de dinheiro, enquanto pessoas naturais, e comandam empresas de grande porte, que contam com milhares de empregados, sujeitos às políticas de trabalho por elas implementadas”.
O ministro completa apontando que “esse cenário, portanto, exige uma reação absolutamente proporcional do Estado, no sentido de garantir a preservação dos direitos e garantias fundamentais e afastar a possível influência econômica na propagação de ideais e ações antidemocráticas”.
Durante as eleições, o prefeito ainda prometeu sortear um carro zero quilômetro caso o município fosse líder do estado em número de votos para Jair Bolsonaro (PL). Considerado propaganda irregular, o sorteio foi cancelado e Capeletti teve de se retratar publicamente.