Vamos tratar com os que cumprem acordos e contratos, destacou Lavrov (Tasnim News)

O governo Biden quer que o “fim da história” -, ou seja, o domínio total da ideologia liberal no mundo, aventado pelo filósofo norte-americano Francis Fukuyama, ocorra na prática, disse o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov.

“Quando Francis Fukuyama disse há 30 anos, ou ainda antes, que o fim da história tinha chegado, quando ele falava do domínio total da ideologia liberal, significando que o sistema mundial concorrente, o sistema do socialismo, havia desaparecido, passado algum tempo ele foi rapidamente exposto ao ridículo. Passaram a dizer: ‘Vejam como Francis estava errado, não se deve fazer previsões de forma tão categórica’. Se analisarem a política do governo Biden, [verão que] é exatamente isso que eles querem”, apontou Lavrov durante uma reunião de trabalho com diretores de diversas mídias russas.

O atual governo norte-americano, acrescentou o chanceler russo, deseja que “o fim da história” ocorra não apenas nos livros de supostos cientistas e analistas políticos, mas também na vida real, e isso se reflete no que está atualmente acontecendo na Europa e em outros continentes.

“Os enviados norte-americanos exigem que todos os países assumam uma posição contra a Rússia, exigem que eles adiram às sanções, exigem que não se comuniquem com os representantes russos – isso é um reflexo da tentativa de estabelecer o fim da história, o domínio final e irrevogável daquele mesmo ‘bilhão de ouro’”, acrescentou Lavrov.

Mas a intensificação das sanções sobre Moscou acabou por provocar um aumento nos preços dos combustíveis e contas de energia, desencadeando inflação recorde nos próprios EUA e na Europa.

Lavrov destacou, ainda, que o principal resultado do ano de 2022 é que se viu quem hoje é capaz de cumprir os acordos internacionais e quem não é confiável.

“A principal conclusão e resultado é que a situação foi esclarecida de forma definitiva e irrevogável. O que está acontecendo no mundo, quem tem certas intenções e planos para atuar no cenário internacional, quem é capaz de cumprir os tratados e em quem não se pode confiar a partir de agora”, disse o chanceler em entrevista.

O chefe da diplomacia russa disse estar certo de que os países ocidentais perderão em breve a capacidade de submeter a economia global. “Garanto-lhes que, em um futuro próximo, veremos uma redução nas capacidades do Ocidente, uma redução muito séria na sua capacidade de dirigir a economia global da maneira que eles querem. E, quer eles queiram ou não, terão que negociar”.

Lavrov assinalou também que o Ocidente cortou quase todas as relações com a Rússia, mas Moscou tem com quem cooperar nas áreas econômica, social, cultural e esportiva.

“Nós, como já dissemos mais de uma vez, não vamos correr atrás do Ocidente […]. E vamos nos concentrar naqueles que nunca nos decepcionaram. E com quem às vezes chegamos a um acordo muito difícil, mas quando eles foram alcançados, ninguém nunca enganou ninguém. Com o Ocidente, tudo é exatamente o oposto”, reiterou.

Papiro

(BL)