Foto: Jose Paulo Lacerda/Agência/CNI

A taxa de juros elevada é apontada como principal problema da indústria da construção no terceiro trimestre deste ano, segundo a Sondagem Indústria da Construção da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada na terça-feira (1).

De acordo com o levantamento, a taxa de juros altos passou a ocupar o primeiro lugar no ranking dos principais problemas da indústria da construção, superando a falta ou o alto custo de matéria-prima, que figurava oito trimestres na liderança dos principais problemas apontados pelos empresários.

A CNI também registrou que o índice de facilidade de acesso ao crédito avançou 1,4 ponto, passando de 38,7 pontos para 40,1 pontos no período. Mas observou que “embora tenha havido aumento, o resultado para o trimestre encontra-se abaixo dos 50 pontos, indicando insatisfação com as condições de acesso ao crédito”, destacou a entidade.

Os índices de satisfação com a margem de lucro e de condições financeiras variaram em altas no período, 2,5 pontos e 0,9 ponto, respectivamente, mas os resultados dos índices ainda estão abaixo da linha divisória dos 50 pontos, o que também indica insatisfação do empresário frente a essas questões.

Por sua vez, o Índice de Confiança do Empresário (ICEI) da indústria da construção apresentou queda de 2,6 pontos, passando para 60,1 pontos. “A menor confiança é reflexo, principalmente, de uma maior moderação das expectativas dos empresários com relação aos próximos seis meses. Apesar de menos intensa, a confiança do empresário da construção permanece em patamar elevado (60 pontos) e superior à sua média histórica de 54 pontos”, ponderou a CNI.

A escalada da taxa de juros da economia (Selic) pelo Banco Central (BC), com aval do governo Bolsonaro, que levou a Selic aos atuais 13,75% a.a., colocou o Brasil no topo do ranking mundial de juros reais. Descontada a inflação, o brasileiro paga 7,80% em taxas de juros reais, de acordo com MoneYou e Infinity Asset Management.

Para o setor produtivo, os juros nestes patamares, além de inibir o consumo e elevar os níveis de endividamento e inadimplência tanto das empresas como das famílias, é uma trava para geração de novos investimentos.

“Os empresários que têm recursos próprios deixam de investir na produção para aplicar no mercado financeiro e os que não o têm estão impossibilitados de tomar empréstimos a esse custo proibitivo”, destacou o professor e doutor em economia, Nilson Araújo de Souza, em entrevista recente ao HP, ao analisar as altas taxas de juros.

No acumulado do ano, a produção industrial registrou queda de 1,1%, na comparação com o mesmo intervalo de meses de 2021, com resultados negativos em todas as grandes categorias econômicas, 15 dos 26 ramos, 56 dos 79 grupos e 61,0% dos 805

produtos pesquisados. Neste período, destaca-se os resultados negativos para as produções de Bens de consumo duráveis (-5,3%) – reflexo das reduções na fabricação de eletrodomésticos (-16,4%), especialmente os da “linha branca” (-20,3%).

No perfil dos resultados para os nove meses de 2022 ainda, também estão em baixa as produções de Bens intermediários (-1,0%), de Bens de consumo semi e não duráveis (-0,7%) e de Bens de capital (-0,5%).

Em setembro, destaca o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial, “a indústria repetiu o resultado do mês anterior e recuou -0,7%. Apesar disso, o perfil setorial indica uma piora neste final de trimestre, já que o sinal negativo se estendeu para um número bem maior de ramos e atingiu todos os macrossetores industriais, notadamente, bens intermediários e bens de consumo semi e não duráveis”.

O Iedi destacou que em outubro “81% dos ramos industriais perderam produção e, entre estes, 86% apresentaram quedas mais intensas do que a indústria geral, como metalurgia, madeira e bebidas”.

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(BL)