A Fundação Butantan, que administra o Instituto Butantan, obteve financiamento de R$ 1 bilhão do BID Invest, banco de investimento filiado ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), para a construção de duas novas fábricas que triplicarão a capacidade produtiva do instituto paulista: o Centro de Processamento Final de Imunobiológicos (CPFI) e o Centro de Produção de Vacinas em Ovos 2 (CPVO-2).

As novas fábricas vão ampliar a produção de vacinas contra gripe e Covid-19 e outros imunobiológicos do Butantan, representando um grande impacto na saúde pública brasileira.

Atualmente, o Butantan é referência na produção de vacinas e soros, com capacidade de produzir cerca de 200 milhões de doses de vacinas. O Ministério da Saúde é o principal comprador, para quem o instituto fornece as vacinas da gripe, hepatites A e B, DTaP (imunizante contra difteria, tétano e coqueluche), raiva, além da CoronaVac, contra a Covid-19.

Com a abertura de novas fábricas, o instituto vai poder ampliar o fornecimento tanto para o SUS e também para outros países da América Latina.

“Hoje, já fornecemos via Organização Panamericana da Saúde (Opas) para outros países. Neste ano, foram cerca de 2 milhões de doses da vacina da gripe. No próximo ano, esse número deve chegar a 5 milhões e, com a abertura de novas fábricas, a ideia é que façamos um aumento gradual”, afirmou Dimas Covas, diretor executivo da Fundação Butantan.

As duas novas fábricas financiadas pelo BID deverão começar a funcionar em cinco anos. De acordo com Covas, uma delas será uma linha extra de envase (que faz o processamento final dos produtos) e a outra será um segundo centro de produção de vacinas com base em ovo, técnica usada para produzir os imunizantes da gripe e a Butanvac, vacina contra a Covid-19 que está sendo testada pelo Butantan.

“Já temos uma grande fábrica com base ovo que consegue produzir 140 milhões de doses por ano, mas, no momento, ela não tem um backup. Precisamos ter essa segunda unidade para produzir vacinas da gripe, a Butanvac ou mesmo uma vacina que combine a proteção contra a gripe e a covid”, afirmou.

O valor financiado virá parte pelo BID Invest e parte por outros bancos parceiros da instituição internacional. O Butantan terá dez anos para pagar o valor e a ideia é que a dívida seja quitada já com o retorno financeiro da ampliação da operação.

A instituição financeira acompanhará a construção das plantas desde o lançamento do chamamento público e a fase de contratação até a execução das obras.

“Vale lembrar os problemas que tivemos quando as cadeias de abastecimento internacionais de insumos foram cortadas durante a pandemia. Então é importante que tenhamos uma cadeia regional e a gente enxergou essa capacidade de desenvolvimento e produção no Butantan”, afirmou Morgan Doyle, Representante do Grupo BID no Brasil.

Doyle diz que a expectativa do BID é que, com a ampliação do número de fábricas, o Butantan passe a vender vacinas e outros produtos imunobiológicos com baixo custo para outros países do continente e, posteriormente, para outros países de renda média e baixa, como os africanos.

Página 8

(BL)