Governo Bolsonaro privatiza refinaria de Manaus
Na véspera de entregar o governo, Bolsonaro acelerou a venda da Refinaria Isaac Sabbá (Reman) da Petrobrás no Amazonas ao grupo Atem por US$ 257,2 milhões (cerca de R$ 1,3 bilhão). Durante 15 meses, a estatal garantirá o funcionamento da refinaria através de “prestação de serviço operacional”, o que significa que a refinaria continuará sendo operada pela Petrobrás em prol de uma empresa privada, acusada de formação de cartel na distribuição de combustíveis na região.
A refinaria privatizada, que é dona do único terminal portuário na região, vai escancarar o país à importação de derivados de petróleo. Um excelente negócio para a empresa compradora. Ela vai ganhar muito dinheiro, usando toda a logística montada pela Petrobrás para importar ou produzir no país a custo baixo, e vendendo internamente a preços de paridade de importação, ou seja, dolarizados, política que esfola os brasileiros e é garantida pelo governo.
A exemplo do que vem ocorrendo com a também privatizada Refinaria Landulpho Alves, hoje Refinaria de Mataripe, entregue por Bolsonaro para o fundo árabe Mubadala. Os novos donos aumentaram a importação, mantêm os preços dos combustíveis nas alturas e reduziram a produção provocando o caos no abastecimento do gás de cozinha recentemente na Bahia.
A Refinaria Isaac Sabbá (Reman) em Manaus, no Amazonas, atende também os Estados do Pará, Amapá, Rondônia, Acre e Roraima. Foi inaugurada em 1957 e, em 1974, foi incorporada pela Petrobrás. Sua capacidade de processamento é de 7 milhões e 300 mil litros de petróleo por dia, ou seja, 46 mil barris por dia. É autossuficiente em energia, dispondo de uma central termoelétrica e terminais aos quais se liga a três portos de recebimento e entrega de derivados geridos pela Transpetro.
Entre os principais produtos estão: GLP, nafta petroquímica, gasolina, querosene de aviação, óleo diesel, óleos combustíveis, óleo leve para turbina elétrica, óleo para geração de energia, asfalto.
Esse patrimônio foi entregue a preço de banana. “A Reman foi negociada por US$ 257,2 milhões, praticamente um quarto do valor do seguro contratado para o período 30/11/2022 a 31/05/2024, que é de US$ 820,8 milhões”, aponta a Federação Única dos Petroleiros (FUP).
Na segunda-feira (28/11), em reunião com o presidente da estatal, Caio Paes de Andrade, representantes da equipe de transição cobraram a suspensão das privatizações e o cancelamento do processo de venda da Reman. Na quarta-feira (30/11), a direção da Petrobrás anunciou que concluiu a venda da Reman para o grupo Atem, apesar de o presidente eleito Lula ter afirmado que “a Petrobrás não será fatiada”, em discurso após o resultado eleitoral.
“É um absurdo concluir essa operação de forma açodada, no apagar das luzes de um governo que só fez vender o patrimônio público brasileiro a preços aviltados e em burlar a Constituição Federal”, afirmou o coordenador da FUP, Deyvid Bacelar.
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(BL)