Golpistas na comissão | Foto: Roque de Sá Agência Senado

Os parlamentares e lideranças bolsonaristas promoveram uma audiência no Senado para atacar o Supremo Tribunal Federal (STF), mentir sobre as urnas eletrônicas e defender golpistas e apologistas do nazismo.

O deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) defendeu a prisão e o impeachment de Alexandre de Moraes, ministro do STF e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Eduardo Girão (Podemos-CE), senador que foi o idealizador do encontro realizado na quarta-feira (30), dedicou a sessão “aos censurados do Brasil”.

Ele citou o blogueiro Allan dos Santos, que mentia e divulgava ataques antidemocráticos no site Terça Livre, Daniel Silveira (PTB-RJ), preso e condenado por publicar um vídeo ameaçando ministros do STF, o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), defensor dos atos que pedem um golpe militar, entre outras figuras que defendem o fim da democracia.

Girão também dedicou a reunião ao youtuber Monark, que já defendeu a criação de um partido nazista no Brasil e divulgou mentiras sobre as urnas eletrônicas em suas redes sociais, e ao ex-BBB Adrilles Jorge, ex-comentarista da Jovem Pan que foi demitido por fazer um gesto nazista, o “sig heil”, ao vivo.

Diversas lideranças bolsonaristas estiveram no encontro no Senado que serviu para atacar o Supremo Tribunal Federal e pedir um golpe de estado. Entre eles estavam Carla Zambelli (PL-SP), Filipe Barros (PL-PR), Daniel Silveira (PTB-RJ), Bia Kicis (PL-DF), Osmar Terra (MDB-RS) e o senador Luis Carlos Heinze (PP-RS), conhecido por apresentar argumentos esdrúxulos e falsos em defesa da cloroquina na CPI da Pandemia.

O ex-chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência, Fabio Wajngarten, foi o primeiro a fazer uma exposição, falando sobre a mentirosa história de que a campanha de Jair Bolsonaro foi prejudicada porque rádios do Nordeste não passaram suas inserções.

Participantes da audiência exigiram que Jair Bolsonaro acionasse o artigo 142 da Constituição para tirar os poderes do STF. Para eles, essa seria uma forma constitucional de dar um golpe, ainda que não usem esse nome. Essa interpretação é uma distorção do artigo 142 que só é utilizada por quem quer o fim da democracia.

O ex-desembargador Ivan Sartori, do Tribunal de Justiça de São Paulo, disse que “a solução é o artigo 142”, sendo usado como “uma intervenção pontual para que cesse esse estado de coisas”.

Sebastião Coelho, ex-desembargador do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, falou que “a solução constitucional” seria Bolsonaro “invocar o artigo 142 para dar legitimidade às Forças Armadas agirem”. Não há qualquer legitimidade ou constitucionalidade em uma ação das Forças Armadas contra a democracia.

Também foi convidado para a sessão o argentino Fernando Cerimedo, que fez uma live sobre uma suposta fraude nas urnas eletrônicas. Cerimedo faz acusações contra as urnas que não foram endossadas pelas Forças Armadas, pelo Tribunal de Contas da União (TCU) ou pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), instituições que fizeram a fiscalização das eleições.

O argentino aliado dos bolsonaristas disse que um “algoritmo” foi manipulado “a fim de garantir a vitória do 13”. O suposto especialista voltou a falar de uma análise estatística que não prova nada, mas que é usada pelos bolsonaristas para tentar invalidar as eleições.

O presidente do Instituto Voto Legal, Carlos Rocha, esteve de maneira virtual na audiência para apresentar slides sobre os registros de log das urnas eletrônicas. O Instituto recebeu R$ 225 mil do partido de Jair Bolsonaro, o PL, para levantar falsas suspeitas contra as urnas, mais uma vez indo contra a fiscalização feita pelas Forças Armadas, TCU e OAB.

O deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), que foi condenado pelo STF por ameaças aos ministros e falas antidemocráticas – mas que recebeu o perdão presidencial de Jair Bolsonaro -, participou do encontro e falou que o ministro Alexandre de Moraes “tem incorrido corriqueiramente no crime de tortura” por não deixar criminosos como ele agirem livremente.

Impotente, o parlamentar, que não conseguiu se reeleger por ser ficha-suja, defendeu a prisão e o impeachment de Alexandre de Moraes. “Tem que prendê-lo em flagrante pelo crime de tortura, ou impichar aqui e ser preso depois”.

Ele ainda disse que está “disposto a matar e morrer” pelo Brasil.

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(BL)