O Ministro-Chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República, Santos Cruz, participa de audiência pública na Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor, no Senado.

O general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-ministro-chefe da Secretaria da Presidência, afirmou que os atos golpistas em frente aos quartéis foram gerados por “uma grande desonestidade, falta de respeito e covardia do governo com as pessoas participantes”.

“Além de um bombardeio de fake news para manipular e alimentar diariamente a esperança pela decisão de uma liderança que não existe. Isso é desonesto”, declarou.

“Isso é consequência de estímulos e interpretações políticas completamente descabidas”, afirmou em entrevista ao portal UOL.

Logo após o dia 30 de outubro, quando Bolsonaro foi derrotado nas urnas pelo presidente eleito Lula, os bolsonaristas fizeram atos violentos, como bloqueios nas estradas e ataques aos policiais. Montaram acampamentos em frente aos quartéis pedindo que as Forças Armadas impeçam a posse de Lula.

O QG do Exército em Brasília é um deles. Houve uma tentativa de desativar voluntariamente o acampamento nesta quinta-feira (29), mas foi adiado.

“Desde a ideia absurda de que Forças Armadas são “poder moderador” que podem interferir no funcionamento dos poderes, às diversas tentativas de arrastá-las como instrumento de pressão política, com inúmeras desnecessárias referências ao ‘meu Exército’”.

“Houve lembranças constantes sem sentido de que o Presidente da República é o comandante-em-chefe das Forças Armadas e outras fanfarronices. Por tudo isso, o assunto precisa ser tratado politicamente. As minhas observações se referem à grande maioria dos participantes”, continuou.

“Os irresponsáveis, incentivadores, exploradores, manipuladores, tratam as pessoas como inocentes úteis e estão e estarão sempre longe dali. Isso também é desonesto. Existem considerações de ordem prática e legais sobre os acampamentos, mas, na essência, é uma questão política que precisa ser tratada por autoridades de nível político”.

Sobre as tentativas de atentados terroristas em Brasília, o general defendeu que “para os poucos envolvidos em ações terroristas escondidos no meio do ambiente de manifestações o que tem que ser feito é a aplicação da lei com presteza, o que está sendo feito”.

“É simples caso de polícia. Que as investigações levem à Justiça o mais breve possível todos os criminosos que incendiaram veículos e os envolvidos no recente caso do explosivo colocado no caminhão-tanque”, disse.

O bolsonarista George Washington de Oliveira Souza colocou uma bomba num caminhão-tanque de combustível que ia em direção ao aeroporto de Brasília na semana passada. O motorista do caminhão percebeu o artefato e chamou a polícia, frustrando o plano criminoso.

O militar condenou a atitude omissa de Jair Bolsonaro nos episódios dos atos antidemocráticos.

“O presidente da República jamais poderia permanecer em silêncio, sem se pronunciar sobre o assunto por quase dois meses. É obrigação dele emitir uma orientação segura, legal e clara sobre as questões nacionais. E essa é uma delas”, frisou.

“A autoridade é paga para isso e não pode se omitir, esperar para ver o desfecho sem se comprometer, ou simplesmente sair de cena. É questão de obrigação e respeito se dirigir às pessoas que participam dessas manifestações e falar a realidade”, completou.

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(BL)