FIA “imita” Fifa e proíbe manifestações “políticas e religiosas”
A Federação Internacional de Automobilismo (FIA) incluiu no Código Esportivo Internacional (CSI) a proibição de manifestações políticas pelos atletas, na terça-feira (20). A Fórmula 1 é uma das competições regulamentadas pela entidade.
A decisão se assemelha ao que a Fifa fez na Copa do Mundo do Catar, em que proibiu protestos de jogadores em campo e de torcedores nas arquibancadas. A medida foi vista como uma forma de atender às restritivas leis do Catar que criminaliza homossexuais. No entanto, a não ser pelos atletas que foram ameaçados com restrições esportivas pelo uso da braçadeira “One Love”, a Copa foi permeada com manifestações políticas.
Agora, seguindo o mesmo problemático caminho da Fifa, a FIA coloca em seu código que declarações políticas, religiosas e pessoais que violem a neutralidade das competições serão consideradas quebra de regulamento.
Não foram detalhadas quais sanções os atletas são passíveis de receber. A publicação coloca que para ter algum posicionamento público sobre esses temas é preciso uma aprovação antecipada da FIA, a partir do próximo ano.
A medida é considerada um “tiro no pé” pela mídia especializada, pois coloca em risco os esforços que os gestores do automobilismo, em especial da Fórmula 1, fizeram para aproximar o esporte do público em geral.
Apesar disso, o presidente da FIA, Mohammed Ben Sulayem, nascido dos Emirados Árabes, fez prevalecer sua vontade, sendo que já havia direcionado críticas veladas para alguns pilotos da F1.
Sulayem é ex-piloto de rali e o primeiro não-europeu a ocupar o cargo de presidente da principal organização de automobilismo. Ao que parece, as manifestações dos atuais pilotos da principal categoria da Federação têm incomodado o mandatário, considerando que não trazem nenhum prejuízo, uma vez que em termos de dinheiro e patrocínios a F1 vai muito bem.
Protestos
O agora aposentado Sebastian Vettel, tetracampeão mundial, foi um dos que mais levaram manifestações para as pistas, com camisetas e pinturas nos capacetes, além, é claro de declarações: em prol dos direitos humanos, da comunidade LGBTQIA+ e sobre demandas geopolíticas.
Mas a proibição visa atingir, sobretudo, o heptacampeão Lewis Hamilton, que, repetidamente, manifesta os seus posicionamentos em gestos, atos e símbolos. O maior vencedor da modalidade, ao lado de Michael Schumacher, leva a pauta do meio ambiente, do veganismo, antirracista, da defesa dos direitos humanos e dos direitos LGBTQIA+ onde quer que vá.
Inclusive, no Grande Prêmio do Catar de 2021, guiou a Mercedes com a bandeira arco-íris estampada no capacete.