Enfermeiras estão mobilizadas pela recomposição dos salários frente à inflação acelerada (RCN)

O sindicato britânico de enfermagem Royal College of Nursing (RCN) realizou mais um dia de mobilizações, na terça-feira (20), e pediu às autoridades que tratem de forma responsável as questões salariais da categoria, abandonando a postura de negar a realidade de uma inflação insuportável para os trabalhadores.

A secretária-geral e diretora executiva do RCN, Pat Cullen, assinalou que “o primeiro-ministro deveria se perguntar o que motiva o pessoal de enfermagem a ficar do lado de fora de seus hospitais pelo segundo dia tão perto do Natal”.

A greve dos enfermeiros na quinta-feira (15) foi a maior da história do RCN e levou ao cancelamento de milhares de consultas ambulatoriais e operações não urgentes, segundo o The Guardian. As negociações que se seguiram não avançaram e, uma semana depois, a categoria para novamente.

“Para muitos de nós é a primeira vez que entramos em greve e nossas emoções estão realmente a mil. O NHS está encarando a crise, a profissão de enfermagem não aguenta mais, nossos entes queridos já estão sofrendo”, alertou Cullen. “Não é sem sentido exigir algo melhor. Isto não pode esperar. Estamos comprometidos com nossos pacientes e sempre estaremos”, afirmou.

Este coletivo profissional, composto em 90% por mulheres, frente a uma inflação anual de mais de 10%, reivindica um aumento salarial de 19%, enquanto o governo britânico rejeita um aumento superior a 4,75% recomendado em julho por um órgão de saúde pública, dirigido pelo governo, que avalia as condições salariais.

Nesse sentido, a diretora do sindicato salientou que se o governo de Rishi Sunak não tiver vontade de “fazer o que é certo, não teremos escolha senão continuar lutando em janeiro e isso será profundamente lamentável”.

POPULAÇÃO APOIA OS PROTESTOS

Pelo país afora, junto a várias unidades hospitalares, os trabalhadores em greve foram saudados pela população, informou o periódico Morning Star.

A enfermeira Danielle McLaughlan, à entrada do Royal Liverpool University Hospital, agradeceu o apoio das pessoas ao protesto e assinalou que mobilização tinha a ver com as enfermeiras não poderem viver com o que ganham como com o fato de «os pacientes estarem em risco», devido à falta de pessoal.

“Os enfermeiros estão cansados e tristes porque não podem prestar os cuidados que querem”, lamentou.

Em outra passeata, junto ao St. Thomas’ Hospital, em Londres, a enfermeira Anu Kapur disse que o salário «não corresponde» ao nível de trabalho que é exigido a ela e aos seus colegas, e mostrou-se preocupada com as consequências da falta de pessoal para a saúde dos pacientes.

O ministro de Saúde britânico, Stephen Barclay, anunciou que vai levar a cabo negociações urgentes com os sindicatos de ambulâncias depois de mais de 10.000 motoristas terem aderido à greve, nesta quarta-feira (21).

O ministro disse que se reuniria com representantes dos sindicatos GMB, Unison e Unite. No entanto, conforme relatado por vários meios de comunicação britânicos, durante as negociações não estava previsto abordar a questão salarial, mas sim as medidas de dotação de pessoal.

Na Inglaterra, oito dos dez principais serviços de ambulância declararam acidentes graves devido à pressão a que estão submetidos, enquanto o tempo de resposta aos chamados é o dobro de dois anos atrás por conta da falta de pessoal, segundo a mídia local.

Da mesma forma, se prevê a ocorrência de mais problemas no atendimento devido à greve de paramédicos, pessoal administrativo, socorristas e técnicos no resto do país.

Papiro

(BL)