Legenda: Charles Michel, presidente do Conselho Europeu (Frederick Florin/AFP

Charles Michel, presidente do Conselho Europeu e ex-primeiro-ministro belga, afirmou que a União Europeia está sofrendo mais que os EUA com o conflito na Ucrânia.

Referindo-se ao efeito bumerangue das sanções contra a Rússia e em especial o gás e petróleo, Michel reconheceu que o “impacto do conflito nos EUA não é o mesmo que na UE”, principalmente no setor energético.

Isso porque Washington é exportador de energia, enquanto a UE, sendo dependente das importações, está correndo sério risco de entrar em recessão.

Michel afirmou que as indústrias europeias “pagam mais pela energia e enfrentam a concorrência das norte-americanas”. “Países como os EUA e a Noruega estão tirando proveito dos altos preços energéticos”, acrescentou.

Na sexta-feira, Michel esteve em visita a Pequim, coincidentemente no mesmo dia em que o presidente francês, foi a Washington se reunir com o chefe da Casa Branca.

Quanto à assim chamada Lei de Redução da Inflação (IRA, na sigla em inglês), já assinada por Biden e que entrará em vigor em 1º de janeiro, o presidente do Conselho Europeu assinalou que não passa de mais uma medida visando seus próprios interesses econômicos.

Ao estabelecer subsídios de US$ 369 bilhões para novas unidades fabris de setores de ponta como veículos elétricos e cortes de impostos para a compra de produtos Made in America, a IRA vem sendo denunciada na Europa – ainda mais quando os fabricantes europeus têm de pagar até seis vezes mais caro pelo gás americano – como ameaça direta de desindustrialização.

A explicação de Washington para a concorrência predatória é que precisa conter o crescimento chinês.

O que fez Michel assinalar que a UE não deve se tornar uma “vítima colateral” do confronto entre Pequim e Washington. Ele reiterou que nas relações com a China, a “UE tem interesses para afirmar”, embora, já que o hábito deixa a boca torta, insistindo em que a UE e o EUA têm “pontos de convergência” em relação à política chinesa.

“DESSINCRONIZAÇÂO”

Já Macron voltou de Washington com as mãos abanando. O que não o impediu de, ridiculamente, chamar a extorsão dos EUA no gás que exporta aos europeus, após proibir o gás russo, de “dessincronização”.

“Quando você olha para a situação atual, há efetivamente uma dessincronização. Por que? Energia. A Europa é… um comprador de gás e petróleo. Os Estados Unidos são produtores. E quando você olha para a situação, nossas indústrias e nossas casas não estão comprando pelo mesmo preço. Então, há uma grande lacuna que afeta o poder de compra e a competitividade de nossas sociedades”, disse Macron em entrevista à CBS.

Em suma, como admitiu Macron, “o custo desta guerra não é o mesmo, em ambos os lados do Atlântico”.

O que tampouco impediu a União Europeia de entrar de mala e cuia nas novas sanções ao petróleo russo transportado por mar, com Washington estabelecendo artificial e ilegalmente o preço de 60 dólares o barril, imposição que irá agravar a crise energética – com a Europa, de novo, sendo a região mais atingida.

MACRON: “NÃO ENTREM EM PÂNICO”

No sábado (3), Macron pediu aos franceses que mantenham a calma diante de possíveis cortes de energia durante o inverno em meio à crise energética europeia.

A declaração foi feita em entrevista ao jornal francês Le Parisien, na qual Macron comentou o risco de apagões na França durante o inverno.

“Vejo muita preocupação com isso, mas não entrem em pânico! É responsabilidade do governo elaborar cenários para lidar com qualquer situação”, disse o presidente da França.

O pior cenário será “evitado’, asseverou Macron, se os cidadãos franceses cooperarem e cumprirem o chamado plano de sobriedade energética. “Vamos sobreviver ao inverno”, prometeu o mandatário.

Papiro

(BL)