Congresso peruano repeliu a tentativa de seu fechamento ensejada por Castillo (Reprodução)

A vice-presidente do Peru, Dina Boluarte, foi empossada nesta quarta-feira (7) como a primeira presidente do país após o Congresso da República destituir Pedro Castillo alegando “incapacidade moral permanente”. Isolado, o agora ex-presidente, foi afastado por 101 votos a favor, 6 contra e 10 abstenções.

“Como todos sabemos, houve uma tentativa de golpe promovida por Pedro Castillo, mas não encontrou eco nas instituições estatais e nas ruas”, declarou Dina, comprometendo-se a “defender a soberania nacional, a idoneidade física e moral da República e a independência das instituições democráticas”.

Diante da profunda crise institucional instaurada, a Assembleia Nacional dos Povos, que reúne os principais movimentos sociais do Peru, rechaçou “categoricamente o autogolpe” promovido pelo presidente contra a institucionalidade do país. “Nossa proposta é uma saída democrática, com a mudança através de uma Nova Constituição no marco de uma consulta e um diálogo com a cidadania”.

“Nós nos opomos firmemente a motivadores de golpes de todos os tipos. Pedro Castillo rompe com a proposta de mudança para a qual foi eleito, e ao mesmo tempo se aventura numa ação autoritária sem rumo e sem aceitação popular”, defendem as entidades. No documento, reiteram que veem na Constituinte a saída para a superação da trágica herança deixada pelo ex-presidente Alberto Fujimori (1990-2000) – que se encontra preso. Este, reiteram, é o “caminho para uma solução democrática, com base no diálogo nacional e em novas regras que estabelecem uma democracia sólida”.

Os movimentos sociais consideram que “este ato golpista e antidemocrático” de Castillo “fez um imenso favor às forças da ultradireita, que agora se disfarçam de democratas e lhes permitem um cenário favorável para o seu projeto neoliberal, continuista e entreguista”.

Em nota pública, a Confederação Geral dos Trabalhadores do Peru recordou que Castillo poderia ter fechado o Congresso logo após a negativa de confiança a dois conselhos de ministros, como indicado na Constituição do país, mas que, no entanto, apesar de contar com as oportunidades correspondentes, se negou a fazê-lo, “dando chance e poder à direita golpista que hoje busca lavar as mãos depois de uma dissolução do parlamento falida”.

Papiro

(BL)