Zakharova: "Palavras de Merkel explicitam uso da Ucrânia para tentar enfraquecer a Rússia" (Arquivo)

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, afirmou que o Ocidente usou o congelamento do conflito alcançado por meio de tais acordos com o único objetivo de “armar” Kiev.

Zakharova, execrou na quinta-feira (8) a ex-primeira-ministra alemã Angela Merkel por suas recentes declarações de que os Acordos de Minsk de 2015 foram “uma tentativa de dar tempo à Ucrânia”.

“Não é apenas uma revelação, não é apenas uma memória, é uma confissão, provavelmente pela primeira vez dita tão claramente”, explicitou. “Sim, o regime de Kiev declarou repetidamente que não cumpriria os Acordos de Minsk, mas o Ocidente, os mesmos países que faziam parte do formato da Normandia, nunca haviam declarado isso de forma tão clara e articulada”, acrescentou.

A porta-voz apontou que “esta confissão” mostra que os Acordos de Minsk, que no seu tempo se tornaram parte do direito internacional com a correspondente resolução do Conselho de Segurança da ONU, do ponto de vista do Ocidente eram “simplesmente uma falsificação”.

“Foi um flerte com o uso do direito internacional com um único objetivo: prover o regime de Kiev com armas. Foi um desvio do olhar da comunidade internacional dos eventos reais em território ucraniano, uma catástrofe humanitária e massacres intermináveis”, disse a porta-voz, observando que o constante envio de armas ocidentais para a Ucrânia antes do início da operação russa visava preparar Kiev para o conflito.

“O que Merkel disse em sua entrevista é o testemunho de uma pessoa que afirmou diretamente que tudo o que foi feito em 2014-2015 tinha um objetivo: distrair a comunidade mundial de problemas reais, ganhar tempo, entupir de armas o regime de Kiev e levar o assunto a um grande conflito.”

MERKEL ABRE O JOGO

Em uma entrevista publicada pelo jornal Die Zeit na véspera, a ex-chefe do governo alemão disse que os acordos em questão não apenas deram tempo a Kiev, mas também permitiram que “se fortalecesse, como pode ser visto hoje”.

“A Ucrânia de 2014/15 não é a Ucrânia de hoje. Como visto na batalha por Debaltsevo [um importante entroncamento ferroviário na República Popular de Donetsk] no início de 2015, Putin poderia facilmente tê-la invadido então. E duvido muito que os Estados da Otan pudessem ter feito tanto quanto estão fazendo agora para ajudar a Ucrânia”, disse ela.

“Estávamos todos claros” que o conflito estava congelado e o problema permanecia sem solução, continuou a ex-primeira-ministra, acrescentando que “foi precisamente isso que deu à Ucrânia um tempo valioso”.

Não é a primeira vez que Merkel se manifesta a esse respeito. No final de novembro, ela dissera à revista Der Spiegel que o congelamento do conflito alcançado com os Acordos de Minsk permitiu que a Ucrânia se tornasse “mais forte e resiliente”.

De acordo com Zakharova, a confissão da ex-premiê alemã soa terrível: a falsificação como método de ação do Ocidente – depois de maquinações, manipulações, todos os tipos de distorções da verdade e da lei que se pode imaginar.

“Os representantes do Ocidente sabiam mesmo assim, em 2015, quando negociaram por muitas horas, que nunca implementariam isso, mas que bombeariam armas para o regime de Kiev. Não sentiram pena nem das mulheres, nem das crianças, nem da população civil do Donbass e nem da Ucrânia em geral. Eles precisavam de um conflito, e eles estavam prontos para isso então, em 2015.”

“Ou seja, Berlim e, consequentemente, todo o Ocidente coletivo, não cumpriu os acordos de Minsk, fingiu cumprir a resolução do Conselho de Segurança, mas, em vez disso, entupiu de armas o regime de Kiev. [O Ocidente] ignorou todos os crimes do regime de Kiev no Donbass e na Ucrânia em nome de um golpe decisivo contra a Rússia”.

Nesse contexto, Zakharova salientou que as declarações de Merkel podem servir como uma questão para a Justiça. “Agora fala-se muito sobre avaliações legais do que está acontecendo em torno da Ucrânia, sobre algum tipo de tribunal. E essa é uma base concreta para um tribunal”, concluiu.

Papiro

(BL)