Anderson Coelho/AFP

Três a cada quatro brasileiros são contrários aos atos golpistas que estão sendo realizados por bolsonaristas em frente a quartéis do Exército e a maioria da população é a favor de punições contra quem defende o fim da democracia, aponta pesquisa Datafolha.

O levantamento, feito entre os dias 19 e 20 de dezembro, mostra que 75% da população rechaçam o golpismo, enquanto 56% são a favor de punições.

Os bloqueios de estradas e os atos em frente aos quartéis tentam envolver as Forças Armadas numa insana aventura golpista para manter Jair Bolsonaro na Presidência, mesmo depois de ter perdido as eleições. Os atos também pedem o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF).

Apenas 21% dos brasileiros são favoráveis a esses atos golpistas. Isso significa que esse movimento golpista é menor e ainda mais isolado do que o apoio que Bolsonaro teve nas eleições e que mantinha fora dela. Em setembro, 32% dos brasileiros avaliavam o governo como bom ou ótimo.

Entre os que votaram em Jair Bolsonaro no segundo turno, 50% disseram ser contra esses atos antidemocráticos. Esse índice é de 90% entre os que anularam ou votaram em branco. 96% dos que votaram em Lula no segundo turno são contrários ao golpismo.

Somente 40%, ou seja, a minoria da população, adere à argumentação de que pedir um golpe de estado faz parte da liberdade de expressão e os responsáveis não devem ser punidos.

A rejeição aos atos golpistas é maior nas parcelas mais pobres da população, que foram mais atingidas pelo desastre do governo Bolsonaro.

Entre aqueles que recebem até dois salários mínimos, a rejeição é de 81%, enquanto 63% defendem punição para os tresloucados golpistas.

A rejeição cai para 51% entre aqueles que ganham até dez salários mínimos, enquanto a defesa de punição é de 33%. A margem de erro para essa parcela da população é de 14 pontos.

O instituto ouviu 2.026 pessoas em 126 municípios.

No dia em que foi realizado o segundo turno e Lula foi confirmado como presidente eleito, bolsonaristas começaram a bloquear estradas em diversos Estados. Os bloqueios ilegais foram dispersados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), mas com resistência, muitas vezes armada, dos alucinados apoiadores de Bolsonaro.

Depois, eles passaram a acampar em frente a quartéis do Exército. Os acampamentos contam com financiamento de empresários, que doaram tendas, carne para churrasco, banheiros químicos e até containers.

No dia 12 de dezembro, quando Lula foi diplomado como presidente eleito, os golpistas atearam fogo em carros e ônibus em Brasília, além de terem tentado invadir a sede da Polícia Federal.

A PF cumpriu, após determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), mandados de busca e apreensão e de prisão contra organizadores dos bloqueios e dos atos.

Ao todo, foram apreendidas 29 armas, entre elas submetralhadoras, fuzis e rifles com lunetas, e 7 mil munições sob posse dos golpistas. O STF também bloqueou contas de pessoas e empresas que estavam financiando a movimentação antidemocrática.

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(BL)