Solução da Ucrânia será negociada não pelas armas dos EUA, diz embaixador russo
A política dos Estados Unidos de pretender resolver o conflito na Ucrânia inteiramente no campo de batalha não vai dar certo, pois o fornecimento de armas para Kiev não será capaz de vencer o potencial militar da Rússia, afirmou o embaixador russo nos Estados Unidos, Anatoly Antonov, nesta sexta-feira (4), acrescentando que a chave é encontrar uma solução negociada.
A afirmação respondeu ao anúncio do Pentágono de um novo repasse de US$ 400 milhões (cerca de R$ 2 bilhões) para a Ucrânia, elevando o valor total da ajuda militar dos EUA para sustentar o regime de Zelensky desde janeiro de 2021 para US$ 18,9 bilhões (R$ 95,5 bilhões).
“Em conexão com as novas decisões do governo dos EUA sobre entregas adicionais de armas para a Ucrânia, gostaria de enfatizar que nossos chamados parceiros continuam a política errada, pensando que o problema pode ser resolvido no campo de batalha”, disse Antonov em resposta à pergunta da Agência Sputnik por meio de um comunicado. “Mais e mais forças e recursos estão sendo gastos, e agora eles estão puxando as Forças Armadas para as fronteiras russas, a situação é extremamente alarmante”, assinalou.
“[O Ocidente está tentando] nos esgotar, drenar todos os nossos recursos econômicos e militares e criar uma situação tal para que a Rússia nunca tenha a oportunidade de falar em pé de igualdade com os Estados ocidentais na arena internacional. Porém alcançaremos a vitória, não temos outra saída e não há dúvida de que nossa causa é justa”, afirmou. “Precisamos pensar hoje não em abastecer Kiev com armas adicionais, mas em como encontrar uma solução negociada. Não é possível resolver o problema completamente no campo de batalha”, ressaltou o diplomata.
Os US$ 400 milhões transferidos incluem contratos para 1.100 drones Phoenix Ghost, financiamento para reformar 45 tanques e 40 outros barcos fluviais, entre outros sistemas, disse o Pentágono, informando que os Estados Unidos estabelecerão também uma sede de assistência de segurança na Alemanha que supervisionará todas as transferências de armas e treinamento militar para a Ucrânia.
Antonov observou que a Rússia está essencialmente lutando não com os ucranianos, mas “com todo o Ocidente unido, que está tentando minar as fundações do Estado russo”.
Ele prosseguiu dizendo que, enquanto os americanos alimentarem o regime de Kiev com seus suprimentos, instrutores e treinarem os militares ucranianos em artes marciais com base nos padrões da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), a situação piorará.
Embora as perspectivas de melhora das relações russo-americanas sejam extremamente sombrias, Washington deve entender que é impossível “cancelar” a Rússia, sublinhou Antonov.
Moscou ainda acredita firmemente na necessidade de diálogo com Washington, tanto no interesse dos dois países quanto no do mundo inteiro, registrou o embaixador.
“Todo mundo está olhando para nós, para os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, para as duas grandes potências nucleares das quais depende a paz no planeta”, finalizou Antonov.
As iniciativas de Washington de continuar armando o governo ucraniano com fortes vínculos com grupos fascistas radicais ocorrem na véspera das eleições de meio de mandato no país, as chamadas “midterms”, que serão realizadas na próxima terça-feira (8), quando haverá a renovação de todos os 435 deputados da Câmara (chamada de Casa dos Representantes) e de 35 senadores (são 100 no total). Além disso, diversos estados vão fazer eleições para governador e eleições para escolher representantes locais.
Papiro (BL)