Rússia pode trazer de volta o planejamento estatal, registra a RT
A economia russa poderia ser reforçada trazendo de volta o chamado Comitê de Planejamento Estatal – um órgão da era soviética que formou programas obrigatórios para o desenvolvimento da economia do país, sugeriu o senador Andrey Kutepov, segundo o registro do portal RT, reproduzindo notícia veiculada pelo portal Vedomosti na terça-feira (1).
O Comitê de Planejamento Estatal, ou ‘Gosplan’, existiu na União Soviética desde seu início em 1921 até sua dissolução em 1991, e estava encarregada da criação e supervisão de planos econômicos nacionais quinquenais, que constituíram a base da economia soviética ao longo de sua existência.
Eleito por São Petersburgo, Kutepov preside o comitê de Políticas Econômicas do Conselho da Federação (Senado). A RT observou que o Ministério do Comércio “não descartou a ideia, mas disse que poderia se limitar ao setor de segurança e defesa do Estado” e ilustrou a matéria com um pôster de Victor Ivanov dos tempos soviéticos “Vamos realizar o plano de cinco anos em quatro anos”.
Kutepov apresentou a proposta ao primeiro vice-ministro da Indústria e Comércio Vasily Osmakov, após mesa redonda que debateu o “GosPlan 2.0” (Plano de Governo 2.0), visando impulsionar o desenvolvimento econômico da Rússia.
De acordo com Vedomosti, o vice-ministro Osmakov rejeitou a ideia de implementar essa medida em toda a sua capacidade, citando a constituição russa, segundo a qual a economia do país deve aderir aos princípios de mercado.
Mas admitiu que se poderia aplicar esse mecanismo ao setor de defesa, a fim de ajudar a atender às necessidades de segurança do Estado de longo prazo, bem como auxiliar no conflito militar na Ucrânia.
“Por um lado, isso nos permitiria limitar o campo de atividade apenas às empresas industriais onde o Estado tem informação e alavancagem suficientes, enquanto, por outro lado, nos permitiria obter o efeito das atividades de produção planejadas ao longo do toda a cadeia de valor”, disse Osmakov ao Vedomosti.
Segundo essa fonte, o vice-ministro objetou que um plano estratégico rígido serviria apenas como um fator limitante e, em vez disso, deveria ser adaptável ao cenário econômico global volátil e em constante mudança.
Osmakov também teria insistido que as metas estabelecidas por este novo Comitê de Planejamento do Estado teriam que ser acordadas de forma a limitar a capacidade das empresas privadas de implementar suas próprias agendas corporativas.
Segundo o jornal Kommersant, que pode ser considerado o porta-voz dos setores neoliberais na Rússia, duas alternativas vêm sendo debatidas sobre o desenvolvimento da Rússia, uma, a retomada dos planos quinquenais, e a outra, que chamou de “China 2.0” – provavelmente ninguém lhes contou que há planos quinquenais na China.
Papiro (BL)