ONU pressiona Kiev a parar ataques e Rússia volta ao ‘acordo de grãos’
A Rússia informa que retomará sua participação no acordo que libera as exportações vitais de grãos da Ucrânia. O país havia suspenso seu envolvimento nesse processo durante o final de semana por avaliar que não poderia seguir garantindo a segurança de navios civis cruzando o Mar Negro após um ataque a sua frota no porto de Sebastopol.
“A Federação Russa considera que as garantias recebidas no momento parecem suficientes e retoma a implementação do acordo da Iniciativa sobre a Segurança do Transporte de Grãos e Alimentos dos Portos Ucranianos [Iniciativa do Mar Negro], suspensa após o ataque terrorista em Sebastopol”, declarou o Ministério da Defesa (MD) russo.
O MD da Rússia enfatiza ainda que “graças à participação da organização internacional [ONU], bem como à cooperação da Turquia, foi possível obter por escrito as garantias necessárias da Ucrânia sobre a não utilização do corredor humanitário e dos portos ucranianos, definidos nos interesses da exportação de produtos agrícolas, para realizar ações militares contra a Rússia, enviadas para o Centro de Coordenação Conjunto em 1º de novembro de 2022”.
Rússia, Turquia e as Nações Unidas (ONU) assinaram, em 22 de julho, um acordo para desbloquear as exportações de grãos e fertilizantes da Ucrânia em meio às hostilidades. Representantes do governo ucraniano assinaram um documento semelhante com representantes de Ancara e da ONU. Além disso, Moscou subscreveu um memorando com a ONU para facilitar a exportação de fertilizantes e produtos agrícolas russos para os mercados internacionais.
UCRÂNIA ROMPEU O ACORDO
Em 29 de outubro, Moscou decidiu suspender sua participação no pacto depois que Kiev atacou a frota russa do Mar Negro e embarcações civis com drones submarinos. Os navios atacados estavam todos envolvidos na garantia da segurança do ‘corredor de grãos’, perto da cidade de Sebastopol, no sudoeste da península da Crimeia.
A Turquia, que ajudou a intermediar o acordo de grãos de julho com a ONU, já havia estabelecido os termos da Rússia para a retomada do acordo, dizendo que Moscou queria garantir suas próprias exportações de grãos e fertilizantes.
“A Rússia tem algumas exigências de segurança após o recente ataque a seus navios”, disse o ministro de Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusöglu ao tratar do ataque do final de semana à frota russa do Mar Negro, acrescentando que também estava preocupado com suas próprias exportações de fertilizantes e grãos.
A Ucrânia garantiu agora que o corredor humanitário sob “acordo de grãos” será usado apenas em conformidade com a “iniciativa do mar Negro”, informou o MD russo.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, declarou que o corredor de grãos retomará seu funcionamento, após ter sido alcançado um acordo durante conversas com o presidente russo, Vladimir Putin, e entre os ministros da Defesa da Rússia e Turquia.
“Mais uma novidade, depois das minhas conversas com Putin e das conversas do nosso Ministro de Defesa com o Ministro de Defesa da Federação Russa, Serguei Shoigu: o corredor de grãos retomará seu funcionamento a partir das 12h00, como estava previsto antes”, afirmou Erdogan na quarta-feira (02).
Porém, o presidente russo, Vladimir Putin, alertou que Moscou se retirará da Iniciativa de Grãos do Mar Negro se Kiev voltar a violar as garantias de segurança.
“Instruí o Ministério da Defesa a retomar nossa participação total neste trabalho; ao mesmo tempo, a Rússia se reserva o direito de se retirar desses acordos se a Ucrânia violar essas garantias”, disse Putin em uma sessão do Conselho de Segurança Nacional.
Papiro