Foto: Alejandro Zambrana/TSE

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, chamou de “criminosos” os manifestantes que contestam o resultado das eleições e afirmou que a Corte Eleitoral vai apurar e responsabilizar os responsáveis pelos bloqueios em diversos Estados do país.

“Não há como se contestar um resultado democraticamente divulgado, com movimentos ilícitos, antidemocráticos e criminosos, que serão combatidos, e os responsáveis, apurados e responsabilizados, sob a pena da lei. A democracia venceu novamente no Brasil”, afirmou Moraes.

Em protestos espalhados pelo Brasil, apoiadores do futuro ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fecharam diversas rodovias brasileiras na noite de domingo (30), pouco depois da divulgação do resultado das eleições, que deu vitória a Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Os bloqueios continuam nesta quinta-feira (3) em vários Estados do país. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) e as polícias militares têm sido condescendentes com os criminosos.

“Os eleitores, em sua maioria massacrante, são democratas. Acreditam na democracia, no Estado Democrático de direito, compareceram, votaram em seus candidatos e aceitaram democraticamente o resultado das eleições”, disse o presidente do TSE.

“Aqueles que criminosamente não estão aceitando, aqueles que criminosamente estão praticando atos antidemocráticos serão tratados como criminosos”, completou Moraes.

Rodovias de nove Estados ainda registravam manifestações com bloqueios e interdições na manhã desta quinta-feira (3). Segundo o último levantamento da PRF, divulgado às 9h11, a corporação desfez 862 manifestações de pessoas que não aceitam o resultado das eleições presidenciais.

Os Estados com mais pontos bloqueados ou interditados são Santa Catarina (28) e Mato Grosso (24). Protestos também são registrados em estradas nos seguintes Estados: Acre (2), Amazonas (1), Espírito Santo (1), Mato Grosso do Sul (1), Pará (8), Paraná (2) e Rondônia (10).

O Supremo Tribunal Federal (STF) informou em nota oficial que o ministro Alexandre de Moraes “determinou a intimação do diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal para que apresente, no prazo de 48h, relatório das multas aplicadas em cumprimento à decisão do STF na ADPF 519”. “No relatório detalhado a ser apresentado à Corte, o ministro Alexandre explicou que deve constar a identificação dos veículos e das pessoas autuadas”.

Jair Bolsonaro gravou vídeo, divulgado nesta quarta-feira (2), em que pede aos manifestantes a desobstrução das rodovias bloqueadas no Brasil.

“Eu quero fazer um apelo: desobstrua as rodovias. Isso daí não faz parte, no meu entender, dessas manifestações legítimas. Não vamos perder, nós aqui, essa legitimidade”, afirmou.

“Outras manifestações que estão fazendo pelo Brasil todo, em praças, fazem parte do jogo democrático, fiquem à vontade. E eu deixo claro: estão se manifestando espontaneamente”, acrescentou.

A fala de Bolsonaro de quarta-feira foi ambígua. E há quem diga que o presidente está tratando o problema sem a devida formalidade que merece.

De um lado pede para os manifestantes se desmobilizarem. De outra, diz que as manifestações são “legítimas” e que “fazem parte do jogo democrático.”

Não são legítimas, pois contestam o incontestável. Nada, absolutamente nada, indica qualquer indício de fraude nas urnas. Os manifestantes, pelo jeito, só aceitariam o resultado se Bolsonaro fosse o vitorioso.

E também não faz parte do jogo democrático. O jogo democrático impõe ao perdedor, num processo transparente e lícito como foram as eleições brasileiras, reconhecer e aceitar o resultado das urnas.

É assim que funciona, pela legitimidade do processo e, ainda, e principalmente, em respeito à Constituição e ao Estado Democrático de Direito.

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