Equipes seguem aplicando testes amplamente na cidade de Urumqi (Xinhua)

A partir da repercussão de incêndio em Urumqi, no noroeste da China, na quinta-feira (24), em que dez pessoas morreram em um prédio sob quarentena, após um curto-circuito, o que gerou compreensivelmente protestos, boa parte da mídia ocidental dedicou o final de semana a alardear uma suposta irrupção de onda de indignação na China contra a política de ‘Covid Zero’, o Partido Comunista da China (PCCh) e o presidente Xi Jinping. Tal onda, diz a ‘cobertura’ midiática ocidental, estaria espocando desde Pequim – inclusive em universidades -, até Wuhan, Nanjin e Xangai, conforme vídeos que seriam divulgados nas redes sociais.

De acordo com o Global Times, o governo local de Urumqi, capital da Região Autônoma Uigur de Xinjiang, negou na noite de sexta-feira (25) as alegações de que as portas estavam trancadas no prédio de 21 andares no distrito de Tianshan, onde ocorreu o incêndio, que matou 10 moradores e feriu nove. O governo local – acrescentou o GT – anunciou que montou um grupo de investigação e punirá severamente os responsáveis pelo acidente.

“Autoridades da cidade disseram que o incêndio começou por volta das 20h da noite de quinta-feira e foi apagado por volta das 23h. Os nove feridos foram hospitalizados devido à inalação de fumaça tóxica e não correm risco de morte. O fogo começou no 15º andar do prédio de 21 andares e se propagou até o 17º andar, com fumaça se espalhando até o 21º andar”.

Urumqi está entre as cidades que estão passando pela flexibilização da política de Covid Zero. Assim, a comunidade onde o prédio está localizado foi classificada como área de baixo risco desde 12 de novembro, e os moradores foram autorizados a sair de forma escalonada desde 20 de novembro.

Sobre as acusações de que as portas de saída do prédio residencial estavam fechadas com arame, o chefe do distrito de Tianshan afirmou na coletiva de imprensa que, após a checagem, foi confirmado que nenhuma das portas da unidade estavam trancadas. As supostas imagens são fruto de manipulação feita com photoshop, declarou.

Um oficial dos bombeiros da cidade disse ainda que a porta corta-fogo do piso onde se iniciou o incêndio estava aberta, o que facilitou a propagação do fogo, e o acesso ao edifício estava ocupado por outros veículos, dificultando a chegada dos bombeiros ao local rapidamente. Segundo ele, contribuiu para os problemas o fato de alguns moradores não estarem familiarizados com as saídas de segurança do prédio.

A tentativa dos círculos adeptos do mundo unipolar sob Washington, e sua mídia, de dividir a população chinesa apostando em caluniar a política de Covid Zero e enlamear a democracia popular chinesa, o presidente Xi e o próprio PCCh, foi respondido no domingo por editorial do Global Times, em que comparou essa atitude com a ação dos EUA de atiçar as chamas no conflito Rússia-China.

Como registrou o GT, “o que quer que a China faça em sua batalha contra o COVID-19 está errado sob o prisma da mídia ocidental”.

Algumas dessas forças – acrescenta a publicação – tendem a descartar todos os esforços e conquistas que a China fez para conter o vírus, “enquanto colocam as deficiências sob escrutínio para provocar confrontos e incitar o caos em solo chinês”. “Para eles, seria melhor se o desenvolvimento da China desacelerasse ou estagnasse”.

Devido a diferenças ideológicas, tornou-se quase um instinto dos países ocidentais e da mídia criticar os governos comunistas com o objetivo de subvertê-los com revoluções coloridas, disse Shen Yi, professor da Universidade Fudan, ao Global Times.

Shen acrescentou que no grande jogo de poder, os fatos objetivos sobre as diferenças entre a China e o Ocidente, quando se trata de lidar com o vírus, levaram o Ocidente a um estado de ansiedade. Eles estão, portanto, ansiosos para captar, exagerar e apontar o dedo para todos os problemas negativos que possam encontrar nos procedimentos de controle epidêmico da China.

DADOS QUE FALAM POR SI

Deixe os dados falarem por si, sublinha o GT. “Até o momento, o número total de mortes por Covid-19 na China é de pouco mais de 5.200. Mas nos EUA, 1.090.000 vidas de pessoas foram ceifadas pelo vírus. O estudioso britânico John Ross fez recentemente uma comparação. Ele apontou que a população da China é 4,3 vezes maior que a dos EUA. Para ver qual seria o impacto da política dos EUA COVID-19 na China, deve-se multiplicar as estatísticas dos EUA por 4,3”.

O que significa, de acordo com Ross, que se a China tivesse a mesma taxa de mortalidade dos EUA, “4,7 milhões de chineses estariam mortos” ! Em outras palavras – registra o GT -, “foi a política chinesa que salvou uma multidão de pessoas, assim como suas famílias”.

Como se sabe, a China, após obter esse resultado na proteção das vidas das pessoas e da preservação de sua economia, que é central para o crescimento da economia global, recentemente, fazendo valer a experiência acumulada nesse processo, ao mesmo tempo em que manteve a essência da política de Zero Covid, determinou novas medidas – são 20 – para seu aprimoramento e flexibilização. No domingo, foi determinado que equipes ajudem as regiões a acelerar sua implementação.

De acordo com o GT, cada passo no caminho da prevenção e controle da epidemia na China é explorado pela própria China. “E o povo chinês viu que a abordagem da China protegeu bem as pessoas nos últimos dois anos. Isso é o suficiente para o povo chinês olhar friamente para os arrogantes comentários ocidentais. A natureza dos meios de comunicação ocidentais são ferramentas políticas, e isso há muito foi revelado. Seu objetivo de julgar a China é colocar obstáculos no caminho do desenvolvimento do país”.

“As medidas de resposta à COVID-19 da China nunca são estáticas, mas estão sob constantes ajustes para melhor devido à mudança da situação. No processo, a prioridade da China é como administrar bem suas próprias coisas, e não como os outros a julgam. Quaisquer políticas que a China adote para lidar com o vírus são baseadas em três critérios: ciência, interesses da China e se o povo chinês está protegido”.

Wang Liping, pesquisador do Centro Chinês de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), disse que, devido aos dois extremos que ocorrem em algumas jurisdições, algumas se engajando em “quarentenas” de cidades inteiras e outras “paralisadas” diante da pandemia, a equipe conjunta do mecanismo de prevenção e controle do Conselho de Estado promoveu a correção estrita e determinada de uma abordagem local de tamanho único, bem como problemas decorrentes da implementação de 20 medidas otimizadas , informou a China Central Television.

CNN CAPRICHA NO MOLHO

Em resumo, a mídia pró-Washington busca emplacar que está chegando a fatura das “implicações desastrosas” da política chinesa anti-Covid.

Enquanto o Washington Post alardeava que “Protestos raros contra a política de ‘Covid Zero’ da China irrompem em todo o país”, acrescentando que as manifestações foram provocadas “por acusações de que as restrições pandêmicas atrapalharam as equipes de resgate que tentavam alcançar um incêndio mortal em Xinjiang”, outros meios de imprensa carregavam ainda mais nas tintas.

“Depois de um incêndio mortal, uma onda de desafio contra as políticas de Covid da China”, manchetou The New York Times, acrescentando: “embora as autoridades neguem que um bloqueio da Covid dificultou os esforços de resgate em um incêndio que matou pelo menos 10 pessoas, moradores furiosos foram às ruas em protesto”. E mais: “agora, o país está vendo a maior erupção de raiva pública contra o Partido Comunista em anos, com alguns pedindo a renúncia de Xi Jinping”.

Mas ninguém deu “seu melhor” como a CNN – nem tanto pelo título de “China enfrenta protestos contra política ‘Covid Zero’”, mas pelo ‘molho’ nos relatos.

“Protestos se espalharam em toda a China no sábado (26), inclusive em universidades e em Xangai, onde centenas gritavam “Abaixo, Xi Jinping! Saia, Partido Comunista!” em uma demonstração sem precedentes de desafio contra a rigorosa e cada vez mais cara política Covid Zero do país”. Seriam protestos em “dezenas de campi universitários” e “moradores de bairros fechados derrubando barreiras e saindo às ruas”, asseverou “o Departamento de Estado no ar”, na famosa descrição de madame Albright, então auxiliar do presidente Bill Clinton.

“A raiva levou a atos notáveis de enfrentamento na noite de sábado em Xangai, onde centenas de moradores se reuniram em um cruzamento”, prossegue a CNN. “Ao redor de um memorial improvisado com velas, flores e cartazes, a multidão ergueu folhas de papel em branco – no que é tradicionalmente um protesto simbólico contra a censura – e gritou: ‘Preciso de direitos humanos, preciso de liberdade’”.

A multidão também gritou: “Não quero teste de Covid, quero liberdade!” e “Não quero ditadura, quero democracia!”(E não apareceu ninguém para apelar para o ‘Tio Joe’, “salve-nos”?)

Mais: “Por volta da meia-noite de domingo, cerca de 100 estudantes se reuniram em torno de um slogan de protesto pintado em uma parede da prestigiosa Universidade de Tsinghua, Pequim”. “Diga não ao confinamento, sim à liberdade. Não ao teste de Covid, sim à comida”, dizia a mensagem escrita em tinta vermelha.

Acrescenta a CNN que os protestos no campus “continuaram no domingo”. Vídeos e imagens que circulam nas redes sociais mostram estudantes segurando folhas de papel branco e – se empolga a emissora – gritando: “Democracia e Estado de Direito! Liberdade de expressão!”.

E, se superando: “Em um vídeo, uma aluna pode ser ouvida gritando para os aplausos da multidão: ‘A partir de hoje, não farei mais sexo oral para o poder do estado!’”(sic) – imaginem alguém falando isso em mandarim…

A Associated Press dispensou o comentário “woke” e, sobre a mesma reunião, registrou que os estudantes cantaram A Internacional, antes de serem dispersados por professores e seguranças.

Também segundo a CNN, em alguns lugares policiais realizaram algumas prisões – mas a maioria das fontes se refere a impasses entre aglomerações de pessoas e funcionários do serviço de saúde, em roupas brancas.

OS ‘20 PONTOS’ CHEGAM A URUMQUI

Por sua vez, as autoridades de Urumqi anunciaram no domingo (27) que a cidade retomará gradualmente o transporte público e as atividades de produção relacionadas ao sustento das pessoas em áreas de baixo risco a partir de segunda-feira.

Segundo as autoridades locais, os transportes públicos urbanos serão gradualmente restabelecidos, com ônibus e táxis autorizados a circular nos distritos e vilarejos. A China Southern Airlines disse no domingo que reiniciará gradualmente quatro rotas partindo de Urumqi a partir de segunda-feira.

A cidade também reabrirá gradualmente negócios essenciais localizados em áreas de baixo risco, incluindo mercados de alimentos, supermercados, drogarias, restaurantes [para delivery], postos de gasolina, bancos, lojas de ferragens, correios, parques e pontos turísticos. No entanto, os jantares em restaurantes e espaços culturais e de entretenimento continuarão suspensos.

Papiro

(BL)