Mal deu tempo de agitar as hordas bolsonaristas. A tentativa do PL de constranger o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e tentar invalidar os votos de quase 280 mil urnas eletrônicas morreu em poucos minutos. Tão logo o partido do presidente Jair Bolsonaro lançou nesta terça-feira (22) a manobra golpista, o presidente do Tribunal, Alexandre de Moraes, reagiu à altura.

Sem base técnica nenhuma, o PL apontou, em representação ao TSE, “desconformidades irreparáveis de mau funcionamento” nas urnas. A ação se baseia em relatório precário do Instituto Voto Legal que questiona a falta do código de série das urnas em equipamentos mais antigos. Sem isso, dizem, é impossível fiscalizá-las. Só que as urnas têm outros meios que permitem sua identificação, diferentemente do que sugere a representação. Além disso, esse modelo prevaleceu nos dois turnos da eleição, e o PL só pede revisão de votos no segundo turno da disputa presidencial.

Moraes não passou recibo: “As urnas eletrônicas apontadas na petição inicial foram utilizadas tanto no primeiro turno, quanto no segundo turno das eleições de 2022”, disse o magistrado. “Assim, sob pena de indeferimento da inicial, deve a autora aditar a petição inicial para que o pedido abranja ambos os turnos das eleições, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas”.

Acontece que o PL foi o partido mais votado nas eleições para o Congresso Nacional, elegendo 99 deputados federais e 4 senadores. A legenda, presidida por Valdemar Costa Neto, ousaria pôr em risco essa vitória só para ficar em harmonia com o presidente da República e a base bolsonarista?

Não que Valdemar e cia. esperassem reviravoltas efetivas, com uma possível anulação da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais. O problema é que, do ponto de vista institucional, o PL ficou praticamente sozinho da denúncia de uma suposta fraude eleitoral.

Órgãos como o TCU (Tribunal de Contas da União) e o Ministério da Defesa fiscalizaram a votação, apresentaram relatórios e não indicaram irregularidade nenhuma no pleito. Observadores internacionais também avalizaram a lisura do sistema eleitoral brasileiro, que se baseia na urna eletrônica desde 1996.

Presidente do Congresso, o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) rechaçou de pronto a representação do PL ao TSE. “O resultado e o relatório de urnas válidos são os do dia 30 de outubro, quando houve a abertura das urnas e foi dada a vitória ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva”, disse Pacheco. “Esse fato é inquestionável.”

O prazo de 24 horas dado pelo TSE está acabando, mas a derrota do golpismo já pode ser contabilizada. Nem sequer os bolsonaristas se mobilizaram após a representação mentirosa do PL. Enquanto isso, a transição para o governo Lula avança em Brasília. Para Bolsonaro, os dias no poder estão chegando ao fim de forma melancólica.