Ex-premiê Truss é devota de Thatcher, outra neoliberal que, antes de morrer, cortou até o leite das crianças. (Dylan Martinez/WPA Pool/Getty Image)

“No momento em que intervimos, posso dizer que as mensagens que estávamos recebendo dos mercados eram de que foram horas”, afirmou Andrew Bayley, condenando ação da neoliberal convicta, Liz Truss

O presidente do Banco da Inglaterra – o BC inglês -, Andrew Bayley, reconheceu que a Grã-Bretanha se encontrou frente a uma situação calamitosa em setembro e esteve a poucas “horas” de um possível colapso de alguns fundos de pensão, algo que inviabilizaria a economia por completo.

Em entrevista ao Channel 4, quinta-feira (3), Andrew Bailey, disse que a então primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss vinha aplicando o maior corte de impostos para os ricos dos últimos uma 50 anos, através do chamado “mini-orçamento”, o que exigiu um grande aumento dos empréstimos do governo para cobrir o rombo. Esse quadro representava “uma ameaça muito real à estabilidade financeira”.

Este era o seu carro-chefe, com os cortes de impostos dos mais ricos bancados com endividamento público e a supressão de gastos sociais. A entrevista foi dada logo depois que, na tentativa de conter a inflação, a taxa de juros foi aumentada de 2,25% para 3%.

A linha neoliberal de Thatcher ressuscitada por Liz Truss, fez a líder do Partido Conservador e Unionista se isolar rapidamente e ter de abdicar do governo já em outubro, apenas 45 dias após ter assumido.

Questionado sobre a gravidade da situação e o quão próximo o Reino Unido esteve da quebradeira, Bailey foi objetivo: “Acho que, no momento em que intervimos, posso dizer que as mensagens que estávamos recebendo dos mercados eram de horas.”

As medidas fizeram com que a libra atingisse uma baixa histórica em relação ao dólar e o preço dos títulos do governo do Reino Unido – conhecidos como Gilts – entrasse em colapso.

Frente à perspectiva do caos, o Banco da Inglaterra precisou intervir anunciando uma expansão da compra de títulos de emergência para “restaurar as condições de mercado ordenadas”. “Estava ficando instável e afetando os fundos de pensão, por exemplo, e como eles estavam operando. Então, tivemos que intervir rapidamente e de forma bastante decisiva. Isso parecia e foi uma ameaça muito real à estabilidade financeira”, acrescentou.

De acordo com Bailey, a Grã-Bretanha estava enfrentando sua mais longa recessão desde o início dos registros , projetando um “caminho difícil pela frente” para o Reino Unido e suas famílias.

Como bem sintetizaram os sindicatos e partidos de oposição britânico, o governo da nova Thatcher caiu rapidinho, de “podre até o âmago”, num “orçamento Kamikase dos conservadores”.

Papiro (BL)