Lavrov chega para participar da reunião do G20 (foto do MRE da Rússia)

“Cada vez mais países estão convencidos de que foi Washington que provocou o conflito na Ucrânia”, afirmou o ministro de Relações Exteriores da Rússia, Serguey Lavrov, em seu pronunciamento durante o encontro de cúpula do G20. Enfatizou que, desvirtuando a realidade, “o Ocidente tentou politizar a declaração final do Grupo para passar uma mensagem de condenação à Rússia”.

“A declaração em questão abrange todas as áreas discutidas – alimentação, energia e saúde. Nossos colegas ocidentais tentaram de todas as maneiras politizar esta declaração e passar formulações que implicariam a condenação das ações da Rússia em nome de todos os vinte [países], ou seja, incluindo nós próprios”, disse Lavrov aos jornalistas, nesta terça-feira (15).

O chanceler russo assinalou que “quanto ao tema da Ucrânia, tanto os EUA como seus aliados têm sido bastante agressivos em suas conversações de hoje, acusando a Rússia de ‘agressão sem provocação contra a Ucrânia’”.

O ministro ironizou a baldada tentativa de passar condenações à Russia, esclarecendo que quanto mais os países ocidentais dizem “agressão sem provocação”, mais todos entendem que “a agressão é exatamente provocada por eles”.

Falando sobre as potenciais negociações de paz no conflito na Ucrânia, o chanceler russo destacou que do comportamento de Volodymyr Zelensky pode-se concluir que ele não busca um caminho diplomático.

“Temos repetidamente confirmado através das palavras do presidente [Vladimir Putin] que não recusamos negociações, se alguém está se recusando é a Ucrânia, apresentando condições irreais e ‘descabeladas’. E quanto mais tempo Kiev se recusar, mais difícil será negociar”, ressaltou Lavrov.

O diplomata russo sublinhou também que o Ocidente continua fornecendo armas à Ucrânia e apoiando-a militarmente, embora os líderes europeus digam que é necessário avançar para um acordo pacífico.

Os ministros da Defesa europeus decidiram em reunião em Bruxelas, nesta terça, lançar a maior missão de treinamento militar da história do bloco, com o objetivo de preparar até 15 mil soldados ucranianos. O centro principal desta missão será estabelecido na Polônia, e uma sede secundária na Alemanha também está prevista.

“A União Europeia e a Otan têm sido há muito tempo participantes de um conflito híbrido, a guerra na Ucrânia, isto é, [realizando] fornecimento de armas, treinamento e formação dos militares […].Em relação à decisão específica da UE de lançar esta missão de treinamento militar, há uma espécie de divisão de personalidade, porque em paralelo tanto o presidente francês Macron quanto o chanceler alemão [Olaf] Scholz e outros líderes europeus falam sobre a necessidade de avançar para um acordo pacífico. Uma espécie de dupla personalidade política”, analisou Lavrov na frente de jornalistas em uma coletiva de imprensa após a cúpula do G20.

Diante disso, o chanceler afirmou que a Rússia quer ver evidências concretas de que o Ocidente está interessado em “disciplinar” Zelensky.

“Queremos ver provas de que o Ocidente está realmente interessado em disciplinar Zelensky e explicar a ele que isso não pode continuar assim, que isso não é do interesse do povo ucraniano nem dos deles”, acrescentou Lavrov.

O chanceler russo concluiu pedindo ao secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, que a organização adote uma posição mais imparcial na questão da resolução do conflito na Ucrânia.

Papiro

(BL)