Valdemar Costa Neto, presidente do PL | Foto: reprodução twitter

A intenção do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, de tumultuar as eleições presidenciais deste ano questionando 250 mil urnas fabricadas antes de 2020, pois, supostamente, teriam o mesmo número de série -ou seja, não tinham numeração própria -, foi desmontada sem a menor dificuldade pelo TSE.

Especialistas do ramo afirmaram que as “suspeitas” do dirigente do PL não têm o menor fundamento. Mesmo assim, o dirigente partidário afirmou, no sábado (19), que pretendia levar ao TSE elementos que, segundo ele, comprovariam problemas em 250 mil urnas fabricadas antes de 2020. Ele disse, inclusive, ter conversado sobre o assunto com o juiz Sandro Nunes Vieira, do Tribunal Superior Eleitoral.

Funcionários do Tribunal explicaram que o questionamento feito por Valdemar mostra que os autores da acusação não entendem nada sobre os equipamentos eleitorais. As urnas têm sim certificados, numerações e também os seus respectivos softwares com especificação de zona e seção eleitoral, o que garante total segurança na identificação dos aparelhos. O fato de Valdemar – e quem ele contratou – não saberem como chegar aos números específicos das urnas confirma o seu desconhecimento.

Mas pior mesmo foi a mentira inventada pelo presidente do partido de Bolsonaro de que teria conversado com o juiz Sandro Nunes Vieira, que atuou no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e foi secretário-geral da presidência da Corte até fevereiro de 2022, sobre esse assunto. A afirmação do juiz de que se trata de uma mentira abre uma forte suspeita de que a iniciativa de Valdemar foi uma decisão de má fé e/ou tem claras intenções golpistas.

O juiz Sandro Nunes Vieira desmentiu publicamente a informação de que tenha conversado com Valdemar Costa Neto. Ele disse que nunca esteve com o presidente do PL.

“No dia 19/11/2022 fui informado pela equipe de comunicação do TSE que meu nome havia sido citado pelo Presidente do Partido Liberal, Sr. Valdemar Costa Neto, no contexto de que teria falado comigo sobre eventuais irregularidades nas urnas eletrônicas”, diz o juiz em nota. “Sobre o tema, venho esclarecer que nunca tive contato pessoal com o Presidente do Partido Liberal. Como Juiz, não emito opiniões públicas ou juízos de valor sobre processos de conotação política”, afirmou.

No texto divulgado, Vieira diz ainda que a única pessoa do PL com quem teve contato foi o engenheiro Carlos Rocha, encarregado do trabalho de fiscalização do partido sobre as eleições de 2022. Ele relata ter se encontrado com Rocha no início de agosto, em uma reunião no prédio do TSE: “Na ocasião ele me pediu para que fosse designada uma reunião para tratar de assuntos relativos ao pleito. A demanda foi encaminhada à Secretária-Geral, Dra. Christine Peter, que em data posterior atendeu o pedido do Sr. Carlos Rocha. Não participei da reunião”, afirmou o magistrado.

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(BL)