Inflação longevos | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Para quem tem mais de 50 anos, a inflação dos últimos 12 meses foi maior do que a verificada para os brasileiros em geral. Segundo o IPCA 50+, chamado de “inflação dos longevos”, a alta foi de 7,2% até outubro, enquanto o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) geral acumulou crescimento de 6,5% no período.

O índice foi criado pelo economista Arnaldo Lima, diretor do Instituto de Longevidade MAG e ex-secretário do Ministério da Fazenda. Ele considera os mesmos itens que compõem a inflação oficial acompanhada pelo IBGE, mas pondera o peso de cada produto ou serviço de acordo com a importância deles na cesta de consumo de famílias chefiadas por brasileiros de mais de 50 anos. Nesses núcleos, o consumo está mais concentrado em saúde, transportes, comunicação e artigos de residência.

Neste período, a maior parte dos itens acompanhados pelos índices de inflação continuou crescendo. É o caso dos alimentos, por exemplo. Uma das explicações para que o índice geral tenha ficado abaixo da inflação para os mais velhos é o impacto exercido pela desoneração dos combustíveis – medida tomada pelo governo Bolsonaro às vésperas das eleições – e que tem mais peso na cesta de consumo de faixas etárias mais baixas.

A população com mais de 50 anos cresceu 35% nos últimos 10 anos, enquanto a parcela com menos de 50 avançou apenas 1%. É na faixa mais longeva em que se concentram os aposentados e pensionistas, cujos benefícios congelados não acompanham a velocidade de crescimento da inflação e acabam tendo as rendas cada vez mais pressionadas pela carestia.

Lima, criador da pesquisa, também destaca que, a longo prazo, estamos falando de uma parcela da população que começa a se aposentar com regras muito piores do que as anteriores à Reforma da Previdência.

“Em termos de expectativa de sobrevida, os cinquentões de hoje são os quarentões de ontem, mas com regras previdenciárias menos benevolentes. Ou seja, teremos uma população cada vez mais longeva, o que exigirá mais recursos disponíveis para fazer frente aos gastos crescentes, especialmente em saúde”, declarou o pesquisador, segundo reportagem da Folha de S. Paulo que divulgou a pesquisa.

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(BL)