Greve tem a participação de 70 mil trabalhadores das universidades inglesas (BBC)

Os trabalhadores da Royal Mail, empresa estatal inglesa dos correios, e a União de Universidades e Colégios do Reino Unido (UCU, na sigla em inglês), entraram em greve, nesta quinta-feira (24), para exigir o aumento dos salários, pensões, e melhoria das condições de trabalho.

As manifestações dos dois setores são realizadas nos mesmos dias como resultado de negociações entre dirigentes de diferentes sindicatos, a fim de organizar ações conjuntas.

Os funcionários dos correios fizeram piquetes nas portas das agências e escritórios de entrega de encomendas. Estima-se que mais de 100 mil trabalhadores do setor apoiaram a greve.

Por sua vez, o União de Universidades e Colégios anunciou que mais de 70.000 funcionários de 150 universidades entraram em greve depois que os sindicalistas registraram sim à mobilização em duas votações nacionais históricas.

A liderança da UCU anunciou o protesto como a “maior greve de todos os tempos” para o ensino superior no país, que por si só faz parte de uma onda crescente de greves ocorrendo em todo o Reino Unido.

Jo Grady, secretária-geral da UCU, juntou-se aos afiliados e estudantes que protestaram na entrada da Universidade de Manchester, na manhã de quinta-feira. Afirmou lá em entrevista ao jornal The Guardian que o pessoal está “no limite”, e garantiu que não tem outra opção “a não ser entrar em greve para mudar o setor”.

Já no início de novembro, a União Nacional dos Estudantes anunciou o seu apoio à greve, que se estenderá durante os dias 24, 25 e 30 deste mês e poderá afetar mais de 2,5 milhões de estudantes.

Antes dos protestos, a empresa postal Royal Mail disse ter apresentado aos sindicatos sua melhor oferta para resolver o conflito, equivalente a um aumento de 9% nos salários nos próximos 18 meses e a promessa de desenvolver um novo pacote de benefícios para os funcionários.

Em contrapartida, o líder do Sindicato dos Trabalhadores da Comunicação (CWU), David Ward, desconsiderou a proposta, que está abaixo do aumento da inflação. Ele observou ainda que esse distanciamento da realidade marca o fim do Royal Mail, e seu rebaixamento de uma instituição nacional para uma empresa não confiável, no estilo Uber.

Com uma inflação em outubro de 11,1% em base anual, a carestia no Reino Unido atingiu níveis não vistos desde o mesmo mês de 1981. A notícia foi divulgada em 16 de novembro, um dia antes do ministro de Finanças, Jeremy Hunt, dizer que anunciaria ‘medidas fortes’ para conter o crescimento dos preços.

O diretor econômico do Instituto Nacional de Estatística (ONS), Grant Fitzner, destacou que “o aumento dos preços do gás e da eletricidade empurrou a taxa de inflação para o nível mais alto em mais de 40 anos” e precisou que o preço do gás subiu quase 130%, enquanto os da eletricidade subiram cerca de 66%.

Papiro

(BL)