Foto: Itamar Aguiar Palácio Piratini (1)

Com recuo de -0,7% na produção industrial nacional em setembro, 12 dos 15 locais pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registraram queda, com destaque para São Paulo que recuou -3,3%, uma queda bem maior do que a média nacional.

Os setores de alimentos e derivados do petróleo foram os que mais influenciaram negativamente o resultado de São Paulo, o maior parque industrial do país, segundo o IBGE. “Vale lembrar que São Paulo representa aproximadamente 34% da concentração industrial e no mês de setembro encontra-se 23,9% abaixo de seu patamar mais alto, atingido em março de 2011. Na comparação com os resultados pré-pandemia, está 2,5% abaixo de fevereiro de 2020”, declarou Bernardo Almeida, ao divulgar a Pesquisa Industrial Mensal-Produção Física (PIM-PF) Regional, nesta sexta-feira (8).

Além de São Paulo, outros três grandes recuos acima da média nacional foram verificados em Santa Catarina (-5,1%), Paraná (-4,3%) e Pará (-3,7%). Os três únicos locais com resultados positivos foram Ceará (3,7%), Pernambuco (2,0%) e a região Nordeste (0,6%).

Dos 12 locais que apresentaram queda no mês de setembro, em oito deles o setor de alimentos esteve entre as principais influências nos resultados. Foram eles: São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Pará, Minas Gerais, Goiás, Espirito Santo e Mato Grosso.

“A inflação está impactando mais os produtos alimentícios, principalmente os da cesta básica. Isso afeta a cadeia produtiva. Observamos, ainda, que o desemprego está caindo, porém, a informalidade tem aumentado e o rendimento médio continua baixo. Assim, menos alimentos foram produzidos, já que as famílias estão deixando de consumi-los, visto a perda de poder aquisitivo causada pela inflação, e isso pode explicar a queda do setor”, observou Bernardo Almeida.

O acumulado do ano foi negativo em 8 dos 15 locais pesquisados, com a produção brasileira em queda de -1,1%, com destaque para Pará (-8,8%) e Espírito Santo (-4,9%). Já o acumulado dos últimos 12 meses teve 9 dos 15 locais pesquisados com taxas negativas, com a média nacional em -2,3%. Pará (-8,4%), Ceará (-6,6%) e Santa Catarina (-5,1%) registram as maiores quedas.

Mais uma vez, os números desmentem Bolsonaro que manteve durante toda campanha eleitoral a falsa narrativa de que o Brasil está crescendo. Os recentes resultados da indústria são provas em contrário, assim como os dados negativos acumulados durante o ano.

Além da carestia nos preços dos alimentos, o desemprego elevado e a renda em queda, apontados pelo pesquisador do IBGE, o impacto das altas de juros obstruindo os investimentos, o capital de giro e o consumo é forte componente para os resultados negativos do desempenho industrial.

Página 8

(BL)