Golpistas ocupam Câmara e hostilizam vereadora do PT de Sinop (MT)
Em mais uma manifestação de incivilidade, machismo e espírito antidemocrático, manifestantes bolsonaristas hostilizaram a vereadora Professora Graciele (PT), nesta segunda-feira (28), durante sessão na Câmara de Vereadores de Sinop, cidade a 503 quilômetros de Cuiabá, capital do Mato Grosso, um dos estados que votou majoritariamente no atual presidente.
A motivação dos bolsonaristas teria sido uma notícia falsa de que a vereadora iria protocolar um projeto de lei para retirar da cidade os acampamentos de apoiadores de Bolsonaro que não aceitam o resultado das eleições e pedem golpe.
Vídeos mostram os golpistas, que ocupavam a área destinada ao público no plenário principal, xingando a vereadora e dando-lhes as costas enquanto ela ocupava a tribuna. Entre os impropérios, o grupo a chamou de “vagabunda”, “ratazana” e “filha da p*”.
Graciele é a única mulher e única vereadora de esquerda da cidade, de um total de 15, e não houve, durante as manifestações, nenhuma intervenção enfática por parte do presidente do legislativo ou de seus colegas em favor da parlamentar. Ao contrário: vídeos registraram Elbio Volkweis (Patriotas), presidente da Casa, assim como outros vereadores, rindo e fazendo pouco caso da situação. Da mesma forma, não houve intervenção das forças de segurança da cidade ou do legislativo municipal.
Conforme noticiou o UOL, Volkweis também já foi filmado participando de bloqueios em estradas da cidade, ao lado de um dos suspeitos de terem ateado fogo em caminhões. Em Sinop, Bolsonaro teve quase 77% dos votos. A região foi uma das que mais registraram ataques golpistas violentos desde que Lula venceu as eleições.
Pelas redes sociais, Graciele destacou: “não é a primeira vez que pessoas que se intitulam cidadãos de bem vão até a Câmara desrespeitar uma parlamentar eleita. Hoje, 28 de novembro de 2022, aconteceu mais uma vez. Por que? Eles mesmo criaram uma fake news dizendo que fizemos uma petição e que aprovaríamos na sessão de hoje (28) a retirada das pessoas que corroboram a organização e participação desses atos antidemocráticos Além de acreditarem em uma mentira, não respeitaram meu direito de fala com gritos, vaias, xingamentos e ameaças. Não passarão, exigimos respeito e que sejam responsabilizados”.
Em nota, o PT do Mato Grosso destacou que “a mobilização dos fascistas contra Graciele ocorreu no final de semana, via redes sociais. Em grupos de aplicativo de mensagens bolsonaristas, circularam áudios com falsas acusações contra a vereadora, o que mobilizou a turba a invadir a Câmara para agredi-la”.
Além de repudiar os ataques, o partido defendeu que os responsáveis pela violência sejam identificados e responsabilizados pelas autoridades e acrescentou que “tomará todas as medidas cabíveis para garantir a segurança da vereadora Graciele, bem como sustentar seu direito de continuar exercendo o mandato”.