Acusações são "falsas", diz a Hikvision, principal empresa chinesa atingida por Washington (BBC)

Na semana passada, em decisões anunciadas no Reino Unido (na quinta-feira) e nos EUA (na sexta-feira), em mais um lance da guerra tecnológica movida contra a China, a pretexto de ‘risco de espionagem’ Londres e Washington proibiram o uso de câmeras de segurança (CFTV) de fabricação chinesa.

A gigante chinesa de telecomunicações Hikvision, a maior provedora de CFTV do mundo, rechaçou a alegação e disse que era “categoricamente falso” retratá-la como uma ameaça à segurança.

“A Hikvision é um fabricante de equipamentos que não tem visibilidade dos dados de vídeo dos usuários finais”, esclareceu a empresa, acrescentando que “não pode” transmitir dados a terceiros. “Não gerenciamos bancos de dados de usuários finais nem vendemos armazenamento em nuvem no Reino Unido”.

Os equipamentos da empresa são amplamente utilizados no Reino Unido. De acordo com um relatório da Reuters de 2021, pelo menos metade dos bairros de Londres possuía câmeras fabricadas pela Hikvision ou Dahua, outra gigante chinesa das telecomunicações.

Alegando os ‘riscos de segurança’ e insinuando que a China poderia usar tais dispositivos para ‘espionagem’, o ministro britânico Oliver Dowden instruiu os funcionários públicos a não instalar equipamentos de vigilância por vídeo fabricados na China em “locais sensíveis” ou conectá-los a “redes centrais departamentais”.

Por sua vez, a Comissão Federal de Comunicações dos EUA (FCC), atualizou sua lista negra na sexta-feira, proibindo a venda ou importação de equipamentos de vigilância da Hikvision, bem como da Huawei, ZTE, Dahua e Hytera. A FCC também alegou ‘ameaças à segurança nacional’.

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, denunciou a medida como concorrência desleal e uso cínico da carta da ‘segurança nacional’. “Somos firmemente contra os movimentos de algumas pessoas de estender deliberadamente o conceito de segurança nacional para desgastar as empresas chinesas”, disse ela, prometendo que Pequim defenderá os interesses de suas empresas no exterior e junto aos órgãos multilaterais de comércio.

Curiosamente, EUA e Reino Unido são os dois países líderes da chamada aliança “Five Eyes”, que ficou particularmente exposta após as denúncias do ex-agente Edward Snowden sobre o grampo em massa cometido em escala global, da qual não escapavam empresas concorrentes ou líderes mundiais com alguma independência. E são Washington e Londres que agora se metem a acusar os outros por aquilo que são eles que fazem, comprovadamente, e em uma escala planetária.

PAPIRO

(BL)