Polícia cerca supermercado em Chesapeake, Virgínia, onde atirador assassinou 6 pessoas (Vídeo)

Um homem armado matou seis pessoas numa loja da rede de supermercados Walmart no estado norte-americano da Virginia na noite de terça-feira (22) e feriu outras quatro, afirmaram autoridades da cidade de Chesapeake. O atirador foi encontrado morto no interior da loja.

O ataque a tiros ocorreu menos de 48 horas antes de os norte-americanos celebrarem o feriado do Dia de Ação de Graças (Thanksgiving) e três dias depois de outro atirador ter assassinado à bala ao menos cinco pessoas e ferir 25 numa boate LGBTQ no Colorado.

O chefe da polícia de Chesapeake, Mark Solesky, afirmou se acreditar que o atirador morreu como consequência de um “ferimento à bala auto-infligido” e que o motivo do ataque ainda não está claro.

Segundo a CNN, citando uma fonte policial, os investigadores acreditam que o atirador era um funcionário ou ex-funcionário da loja que atirou contra outros funcionários em uma sala de descanso. Após a imprensa identificar o atirador como um gerente da loja, Solesky confirmou se tratar de um funcionário do Walmart, mas não divulgou seu nome.

O porta-voz da polícia, Leo Kosinski, afirmou que agentes entraram no supermercado “imediatamente” após chegarem ao local. As primeiras chamadas de emergência foram feitas pouco depois das 22h (hora local), quando a loja ainda estava aberta. Imagens divulgadas pela mídia mostraram uma grande presença policial no local.

“EPIDEMIA DE VIOLÊNCIA ARMADA”

A senadora do estado da Virgínia Louise Lucas, que representa a região de Chesapeake, 240 km a sudeste da capital Washington, disse estar “com o coração absolutamente partido” após a chacina. “Não descansarei até encontrarmos as soluções para acabar com esta epidemia de violência armada em nosso país que já tirou tantas vidas”, ela postou no Twitter.

Outro parlamentar, Bobby Scott, assinalou que “tragicamente, nossa comunidade está sofrendo mais um incidente de violência armada sem sentido no momento em que as famílias se reúnem para o Dia de Ação de Graças”.

No ataque no Colorado no sábado (19), o autor dos disparos de fuzil foi identificado como Anderson Lee Aldrich, de 22 anos. Suas vítimas festejavam na boate o Dia da Memória Transgênero, que homenageia os mortos em ataques transfóbicos pelo mundo. O caso está sendo investigado como um crime de ódio.

De acordo com o site Gun Violence Archive, até agora em 2022 já foram mais de 600 os ataques de atiradores ensandecidos e sem qualquer empatia pelo semelhante nos EUA, o que se repete incessantemente há décadas, triste fenômeno que vem sendo considerado uma espécie de “doença americana”.

O substrato racista e imperialista que permeia a alma ‘americana’, crismada primeiro matando índios e perseguindo negros fugidos, depois, plasmando o apartheid em metade do país e tomando terra alheia ‘das colinas de Montezuma às praias da Líbia’ no exercício do ‘destino manifesto’, mais a falta de direitos e de democracia, a glamourização da violência, da tortura e da posse de armas, nessas décadas de ‘ordem global unipolar’, egocentrismo e especulação, acabam tornando pessoas tão esmagadas em sua humanidade e tomadas pelo ressentimento, que reagem às agruras da vida, num ritual macabro de sangue e falta de empatia.

Em última instância, essa banalização da morte a esmo de pessoas, muitas vezes, de desconhecidos, simula os massacres a que geração após geração jovens norte-americanos foram empurrados a cometer, de Mi Lai a Falluja, nas guerras imperialistas e, depois o mal internalizado, como se diz, “volta para ciscar em casa”.

E a criminosa e estúpida facilitação dessa descida ao inferno de tantos infelizes – e suas vítimas -, através da liberação de armas de guerra para uso diário, sob o dinheiro ágil do Cartel do Rifle, venda indiscriminada de armas, clubes de tiro e outros tantos trambiques, só faz manter o sangue jorrando nas ruas e praças dos EUA.

MERCADO

Outro aspecto que chama a atenção é que as vítimas supostamente seriam também funcionários do Walmart e, portanto, o aspecto das questões trabalhistas e de assédio não resolvidas não pode ser negligenciado. Ainda mais, quando os direitos trabalhistas nos EUA são mínimos e é política do Walmart fazer de tudo para impedir a sindicalização de seus funcionários – parte deles, ganhando tão mal, que precisam apelar para o vale-sopão e os chamados ‘bancos de alimentos’.

O Walmart emitiu um comunicado nas primeiras horas da quarta-feira dizendo-se “em choque com este acontecimento trágico”, asseverando estar “trabalhando de perto” com as autoridades e “rezando pelos afetados, a comunidade e nossos colaboradores”.

Papiro

(BL)