Chanceler cubano Bruno Rodríguez se dirige à Assembleia Geral das Nações Unidas

Pela trigésima vez desde 1992, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) se posicionou claramente contra o bloqueio econômico, financeiro e comercial dos Estados Unidos a Cuba.

Em seu informe à Assembleia Geral da ONU, o chanceler cubano Bruno Rodrigues, ao solicitar a aprovação da resolução, estabeleceu que o fim do bloqueio está relacionado à defesa dos direitos humanos e da autonomia cubana.

“O bloqueio é uma flagrante violação da Carta das Naciones Unidas e do Direito Internacional, incluindo os princípios de igualdade soberana, não ingerência nos assuntos internos dos Estados, respeito à livre determinação e independência, entre outros. É também uma violação massiva, flagrante e sistemática dos direitos humanos dos cubanos e cubanas”, enfatiza o informe de Cuba.

A resolução foi apoiada por 185 votos e contestada unicamente pelos EUA e por Israel. Sem apoiar a resolução afirmada mundialmente o Brasil com Bolsonaro à frente e a Ucrânia de Zelensky (que presta serviços à Otan contra a Rússia) se abstiveram.

Antes da votação, o chanceler cubano Bruno Rodríguez recordou que mais de 80% da população de seu país já nasceu e ainda vive sob o criminoso bloqueio, e que desde 2019 o governo estadunidense tem aumentado o cerco contra Cuba para um patamar ainda mais cruel e desumano. Apenas nos primeiros 14 meses do governo de Biden, alertou, a sangria ultrapassou os US 6,36 bilhões, o que equivale a prejuízos superiores a US$ 454 milhões mensais ou US$ 15 milhões diários.

Este desumano bloqueio, alertou Rodríguez, “cria as condições que alimentam migrações irregulares, desordenadas e inseguras, a dolorosa separação de famílias e contribui para o criminoso tráfico de pessoas”. É uma política de asfixia e estrangulamento, acrescentou, que “prejudica a soberania dos países das Nações Unidas, sanciona seus empresários e impede que navios de terceiros que atraquem em Cuba, acessem seus portos”.

Conforme o diplomata, mesmo em meio à pandemia de coronavírus, o governo norte-americano excluiu o povo cubano da ajuda humanitária temporária aplicada a outras nações. “Enquanto a Covid-19 ceifou milhões de vidas no planeta e encheu Cuba de dor, o bloqueio se intensificou e gerou atrasos na chegada de suprimentos e equipamentos médicos essenciais para enfrentar a pandemia, em particular para a industrialização das vacinas cubanas”, acrescentou.

BLOQUEIO CAUSA PREJUÍZO RECORDE

O mais recente relatório cubano sobre os efeitos dessa política coercitiva unilateral aponta que, somente entre agosto de 2021 e fevereiro de 2022, o bloqueio causou prejuízos a Cuba superiores a US$ 3,8 bilhões, percentual 49% maior ao reportado entre janeiro e julho de 2021 e um recorde em apenas sete meses.

Decretado e sustentado logo após o início da revolução cubana, o bloqueio vem sendo mantido desde 1960 ao longo das 11 administrações da Casa Branca, tendo provocado prejuízos de US$ 150,41 bilhões, em valores atualizados.

Em abril daquele ano, o memorando redigido ao presidente Dwight Eisenhower, dava o Norte para o que seria a infame política das administrações com que republicanos e democratas se revezaram. “A maioria dos cubanos apoia Castro. A única forma previsível de reduzir o seu apoio interno é através do desencanto e da insatisfação decorrentes do mal-estar econômico e das dificuldades materiais”, apontava a fórmula, para o que acreditavam ser a receita de “provocar a fome, o desespero e a derrubada do governo”.

VOZES QUE SOMAM

De forma categórica e enfática, inúmeros representantes de todo o mundo se alternaram para defender o direito de Cuba de proclamar seu caminho soberano e das nações à autodeterminação, sem a ingerência hegemonista norte-americana.

“Pedimos que seja cumprido o que está acordado na Carta das Nações Unidas. O bloqueio colocou importantes entraves ao desenvolvimento econômico, social e cultural da Ilha e teve um impacto negativo no desenvolvimento de setores como a agricultura, medicina e educação, dificultando o desenvolvimento sustentável do país”, afirmou o representante de Angola.

Em nome da Índia foi denunciado que a política estadunidense afeta o multilateralismo e a credibilidade da própria ONU, representando uma agressão aos direitos humanos. “O povo cubano pode contribuir com as necessidades da comunidade mundial, mas para isso deve haver um ambiente sem sanções ou bloqueios, pelo qual apoiamos o projeto de resolução apresentado por Cuba”, sublinhou o líder indiano.

Na avaliação do representante peruano se faz urgente e necessário acabar com o bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos, traduzido em desrespeito e afronta aos direitos humanos.

“As relações livres de Cuba com o mundo inteiro se beneficiariam se o bloqueio fosse encerrado, especialmente à luz da pandemia de Covid-19, da crise econômica global, das mudanças climáticas e da inflação”, destacou o líder do Zimbábue.

“Este bloqueio é contrário ao princípio básico do sistema multilateral de comércio internacional e é um obstáculo para alcançar um crescimento econômico duradouro em Cuba, pois limita sua capacidade de desenvolvimento”, acrescentou o representante argelino.

Papiro (BL)