Ex-premiê italiano Giuseppe Conte (Filippo Monteforte/AFP)

“Caracterizar a Rússia como um Estado terrorista distancia as partes envolvidas e não ajuda a restaurar o diálogo”, afirmou o ex-primeiro-ministro italiano (2018-2021), Giuseppe Conte, em entrevista ao jornal Corriere della Sera, criticando a resolução do Parlamento Europeu sobre a situação na Ucrânia, aprovada em 23 de novembro.

O documento foi precedido de uma resolução similar da Otan, ou seja, partiu de Washington. Para sustentarem a farsa se apoiaram em mentiras tais como dizer que a Rússia teria apoiado o “regime terrorista” do presidente sírio, Bashar Al Assad, quando foi a Casa Branca que treinou e financiou dezenas de milhares de terroristas na tentativa de derrubar o governo soberano da Síria e, no auge do cinismo, disse que a Rússia teria destruído a gasoduto Nord Stream, ou seja, a Rússia destruindo sua própria infraestrutura, quando por pressão norte-americana a União Europeia deixou de comprar gás da Rússia.

Em rara demonstração de sabujice à Casa Branca os deputados – em sua maioria – exortaram ainda as instituições do bloco a prosseguirem com a sua política de “isolamento internacional da Rússia”, bem como a reduzirem as relações diplomáticas com a Rússia “ao mínimo absolutamente necessário”. Além disso, o Parlamento Europeu pede que outro pacote de sanções da UE seja imposto à Rússia por sua operação militar especial na Ucrânia.

«A guerra da Rússia contra a Ucrânia mostra que a globalização mudou. Acabou-se a fase em que muitos pensavam que os mercados mandavam e a política devia ficar de fora. Mesmo antes era uma ideia errada. Quando se trata de energia, comércio, infraestrutura, não há decisões apolíticas. Agora a Europa deve unir forças ou nos perderemos pressionados pelas superpotências”, assinalou o líder italiano que, apesar de não se posicionar a favor das medidas preventivas tomadas por Moscou, se distancia da histeria russofóbica que está ajudando a afundar a própria indústria europeia.

Segundo o banco de dados Castellum.AI, a Rússia é o país mais afetado por sanções no mundo, à frente de Irã, Síria, Coreia do Norte e Cuba. Desde 22 de fevereiro, 10.184 novas medidas restritivas foram acionadas contra o país, além das 2.695 que já estavam em vigor e ainda assim a Rússia não parou de crescer em suas relações comerciais internacionais.

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(BL)