Foto: reprodução RBS, via Brasil de Fato

O último debate entre candidatos ao governo do Rio Grande do Sul, realizado nesta quinta-feira (27), foi marcado por trocas de acusações e momentos tensos entre o ex-governador Eduardo Leite (PSDB) e o ex-ministro de Bolsonaro, Onyx Lorenzoni (PL). 

Durante a semana, a disputa entre ambos repercutiu nas redes sociais e ganhou atenção nacional após viralizar trecho de outro debate no qual o bolsonarista não conseguiu responder ao tucano, apesar da insistência deste, sobre qual seria rua proposta no que diz respeito ao Regime de Recuperação Fiscal. 

O tema voltou à tona no debate desta quinta já no primeiro bloco e Onyx tentou reparar sua imagem, jogando para Leite a responsabilidade pela repercussão e dizendo que o RS “é coisa séria”. Leite, por sua vez, destacou que o plano proposto por Onyx não se adequa ao RS e disse que o ex-ministro nada fez para tentar melhorar os termos do RRF. 

O clima de hostilidade aumentou ainda no primeiro bloco quanto Eduardo Leite recordou que o bolsonarista Onyx não se vacinou contra a Covid-19. Em mais um arroubo negacionista, o ex-ministro declarou que “a melhor vacina é pegar a doença” e criticou as políticas de restrição de circulação adotadas no auge da pandemia. 

Em resposta, Leite declarou: “Ele acabou de dizer que a melhor vacina é pegar a doença. Isso me machuca. Morreram mais de 40 mil gaúchos. Mais de 600 mil brasileiros. É a tese da mortalidade de rebanho. Isso é uma desumanidade, uma crueldade”. 

O uso de caixa dois nas eleições de 2012 e 2014, admitido por Onyx, foi levantado por Leite no final do primeiro bloco. O ex-governador lembrou que o bolsonarista “recebeu 300 mil, fez um acordo, pagou R$ 189 mil mas sobraram R$ 111 mil no bolso de alguém”. 

A cultura foi um dos temas do segundo bloco. Leite defendeu a valorização da cultura gaúcha e o fato de o setor ser um importante gerador de emprego e renda, questão que, segundo Onyx, eles teriam convergência. 

A saúde também foi abordada. Onyx defendeu reproduzir no estado experiência de “clínica de especialidades” adotada em Goiás e Leite disse que tal proposta “não para em pé” e que não levaria em consideração a realidade gaúcha. 

No terceiro bloco, o tema da corrupção voltou a ter destaque e novamente foi colocada a questão do caixa dois de Onyx e houve troca de acusações entre ambos. Temas como segurança pública e emprego também foram abordados. 

Nas considerações finais, Leite buscou valorizar sua gestão à frente do Piratini e, como tem feito ao longo do segundo turno, não se vinculou diretamente a nenhum presidenciável. Mas, destacou que “a gente quer um estado que tenha a capacidade de convivência entre as diferenças”. 

Leite também tratou de apoios recebidos no segundo turno de forças políticas que se opõem à sua visão de governo, mas que decidiram estar do seu lado para fazer frente ao bolsonarismo e defender a democracia, como foi o caso do voto crítico definido pelo PT-RS. “E eu sei que vai estar, inclusive, na oposição, sendo duros como oposição, como é o caso do Partido dos Trabalhadores que vai ser, como foi no meu governo, uma oposição dura. Mas sabem que a gente se respeita”, declarou. 

Onyx, por sua vez, procurou reafirmar sua ligação umbilical com Jair Bolsonaro, atacou Lula e o PT com clichês próprios ao bolsonarismo e recheou sua fala com as palavras de ordem caras à extrema-direita reacionária, como “Deus”, “pátria” e “família”. 

(PL)