UE arma terror contra Donbass e critica Rússia por apoiar a população
Ao invés de fazer coro com a Casa Branca acusando a Rússia de patrocinar atos terroristas, quando defende a população do Donbass, União Europeia deveria prestar contas pelos atos de violência terrorista que ela própria tolera ou apoia, assinalou a deputada irlandesa Clare Daly, membro do partido socialista Independent for Change, na sessão plenária do Parlamento Europeu em 18 de outubro.
“O que se quer, com essas acusações de Zelensky, é somente fazer a paz mais difícil de alcançar, exatamente, é claro, como querem os extremistas: que não haja paz, que não haja saída, com todas as pontes incendiadas e a Ucrânia transformada em um abatedouro permanente a serviço de uma cruzada suicida contra a Rússia”, alertou a deputada.
Daly enumerou fatos do “apoio europeu ao terrorismo israelense na Palestina; respaldo ocidental ao terror saudita no Iêmen; ISIS [sigla em inglês de Estado Islâmico, grupo terrorista que se orgulhava de cortar cabeças e comer fígado de combatentes mortos por eles, a serviço da intervenção da CIA na Síria banido na Rússia e em outros países], o produto do apoio francês, norte-americano, britânico, turco e do Golfo ao terror, tanto na Síria e quanto no Iraque [com os próprios agressores de Washington denominando a agressão de ‘Choque e Terror’]”.
“Décadas de terrorismo apoiados pela ala direita dos Estados Unidos contra a Revolução Cubana, os Contras na Nicarágua, esquadrões da morte na Guatemala e El Salvador, lembrem-se do Vietnã, Laos, Camboja, horror após horror, terror após terror”, ressaltou em sua intervenção.
Além disso, recriminou que o conceito que qualifica um país como financiador do terrorismo é um termo da lei norte-americana sem equivalente no arcabouço jurídico da União Europeia, mas ironizou que o assunto é tratado no Parlamento Europeu como uma obrigação diante da política do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, articulada por ordens dos Estados Unidos.
Daly fez referência em seu discurso parlamentar ao apelo do procurador-geral ucraniano, Andriy Kostin, no Tribunal Penal Internacional, para classificar a Rússia como um Estado que patrocina o terrorismo por usar táticas de intimidação proibidas pelo direito internacional.
E ainda ressaltou que a proposta do promotor ucraniano foi feita em referencia aos ataques realizados pela Rússia em território ucraniano em resposta pela detonação criminosa que ocorreu na ponte da Crimeia em 8 de outubro último, fato que buscou destruir uma grande parte da infraestrutura civil da região.
A parlamentar irlandesa considerou que a única coisa que declarar a Rússia como um Estado terrorista conseguiria é dificultar a paz no conflito. “Exatamente, é claro, o que os extremistas querem. Sem paz, sem rotas de saída, todas as pontes em chamas e a Ucrânia como um matadouro permanente em uma cruzada santa e suicida contra a Rússia”, concluiu.
Clare Daly não foi a única parlamentar a criticar a política europeia na sessão. O eurodeputado Mick Wallace, também irlandês, se opôs à política de dois pesos e duas medidas, insistindo no fato de que países ocidentais que culpam a Rússia por sua operação militar na Ucrânia mataram milhares de civis em vários conflitos.
“Quando os EUA e a Otan bombardearam o Afeganistão durante 20 anos e mataram várias centenas de milhares e deslocaram milhões, aterrorizando” as pessoas, “foi terrorismo?”, perguntou Wallace, acrescentando que um estudo da Organização das Nações Unidas mostrou que 45% dos assassinados nesses bombardeios foram crianças. Ou “quando os EUA mataram mais de um milhão de civis no Iraque, não foi terrorismo?”, questionou.
Continuando, perguntou se “quando Israel aterroriza o povo palestino todos os dias, é terrorismo? Quando a França, o Reino Unido e outros armam a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos para cometer genocídio no Iêmen, onde a ONU afirmou que mais de 400 mil morreram e 16 milhões passam fome […] isso não é terrorismo?
Wallace concluiu fazendo uma última pergunta aos membros do Parlamento que defendem a política oficial da UE: “Quando vocês vão acordar e começar a viver no mundo real?”
O deputado postou o vídeo de sua fala no Twitter, provocando debates na rede social questionando por que EUA, Otan e UE têm o direito de invadir países, enquanto as ações da Rússia são condenadas.
Papiro
(BL)