Xi Jinping falou aos delegados ao 20º Congresso do Partido Comunista com 200 membros do CC (Ju Peng/Xinhua)

Em meio ao 20º Congresso do Partido Comunista da China (PCCh), que teve início no domingo e irá até sábado (22), um fato chama a atenção. Sob a direção do PCCH, em dez anos, nos dois mandatos do presidente Xi Jinping, a economia da China dobrou de tamanho, de US$ 8,5 trilhões (54 trilhões de yuans) em 2012, para US$ 18 trilhões (110 trilhões de yuans) em 2021 – um de muitos “feitos históricos” vivenciados pela China nesse período – assim como a eliminação da pobreza absoluta, com 100 milhões de pessoas superando essa condição, conformando a consecução do objetivo do ‘Primeiro Centenário’ – desde a fundação do partido – de uma China moderadamente próspera em todos os aspectos.

“Abraçamos o centenário do Partido Comunista da China; inauguramos uma nova era de socialismo com características chinesas, erradicamos a pobreza absoluta e terminamos de construir uma sociedade moderadamente próspera em todos os aspectos, completando assim o Primeiro Objetivo do Centenário”, assinalou Xi em seu informe na abertura do congresso.

Esses “feitos históricos” ficarão para sempre registrados na história da nação chinesa e influenciarão profundamente o mundo, acrescentou. O que inclui a China ser responsável por 38,6% do crescimento global na década – mais do que a contribuição somada do G7 -; ter o maior parque industrial do mundo, bem como as maiores reservas; ter se tornado o principal parceiro comercial de mais de 140 países e, ainda, campeão em patentes e inovação. A criação em média de 13 milhões de empregos urbanos nos últimos dez anos. Ou os avanços na exploração espacial, veículos autônomos, computação quântica, microchips e Inteligência Artificial.

E na governança e democracia participativa real, mostrados no enfrentamento da pandemia de Covid, colocando as pessoas e suas vidas em primeiro lugar e evitando a desorganização da economia global, em grande parte dependente de produtos e insumos chineses. O que se expressou em que, com 18% (1,4 bilhão) da população mundial, ter sofrido um total de mortos que corresponde a menos de 0,1% (5.226) do total do mundo inteiro (6,57 milhões).

“Diante da epidemia de Covid-19 que surgiu de súbito, nós defendemos a primazia do povo e de sua vida, aplicamos inabalavelmente a política de ‘zero-Covid’ dinâmica, e lançamos uma batalha popular, geral e de contenção contra a epidemia, conseguindo proteger o quanto possível a vida e a saúde do povo e obtendo resultados positivos e significativos na coordenação entre a prevenção e controle da epidemia e o desenvolvimento econômico e social”.

Em seu informe o presidente Xi também salientou que “a influência internacional da China, a atratividade e a capacidade de moldar o mundo aumentaram significativamente”.

Rumo à modernização socialista

O congresso ocorre “em um momento crítico em que todo o partido e o povo, de todos os grupos étnicos, embarcam em uma nova jornada para construir um país socialista moderno”, disse Xi a mais de 2.000 delegados reunidos no Grande Salão do Congresso. “Unidade é força, e a vitória requer unidade”, disse o líder chinês. Ele enfatizou que “os próximos cinco anos serão cruciais para que os esforços para construir um país socialista moderno em todos os aspectos tenham um bom começo”.

Modernização cujos requisitos essenciais são “defender a liderança do PCC e o socialismo com características chinesas, buscar um desenvolvimento de alta qualidade, desenvolver a democracia

popular em todo o processo, enriquecer a vida cultural das pessoas, alcançar a prosperidade comum para todos, promover a harmonia entre a humanidade e a natureza, construindo uma comunidade humana com um futuro compartilhado e criando uma nova forma de avanço humano”, de acordo com Xi. Ainda, “avançar no rejuvenescimento da nação chinesa em todas as frentes por um caminho chinês para a modernização”, acrescentou.

Modernização que, assinalam analistas, é completamente diferente da assim chamada ‘modernização ocidental’, baseada na pilhagem e invasão de outras nações. O caminho chinês de modernização tem como objetivo a prosperidade comum para todos e será realizado através de um desenvolvimento pacífico, mutuamente vantajoso e ganha-ganha, como já vem funcionando com a iniciativa Cinturão e Estrada (Rota da Seda).

“Devemos persistir na supremacia do povo, na autoconfiança e autossustentação, nos princípios fundamentais e na inovação. Devemos manter-nos orientados para os problemas, persistir na visão sistemática e na visão mundial, acrescentou Xi.

Desenvolvimento de alta qualidade

“Para construir um país socialista moderno em todos os aspectos, devemos, em primeiro lugar, buscar o desenvolvimento de alta qualidade”, afirmou o presidente Xi.

“Devemos levar a cabo o novo conceito de desenvolvimento de forma completa, precisa e integral e, ao mesmo tempo, persistir na direção de reforma da economia de mercado socialista e na abertura ao exterior de alto nível, acelerando a estruturação de um novo paradigma de desenvolvimento de ‘dupla circulação’, sob o qual os mercados nacional e externo se reforçam entre si, tendo o mercado doméstico como pilar”, destacou o líder chinês.

“Temos de defender que a ciência e a tecnologia são forças de produção primárias, os talentos são recursos de primeira importância e a inovação é a força motriz primária”, disse Xi. “Devemos aperfeiçoar o sistema de inovação científica e tecnológica. Persistiremos na inovação como o núcleo da conjuntura geral da modernização da China”, apontou.

A China elevará a produtividade total dos fatores, melhorando a resiliência e o nível de segurança das cadeias de indústria e suprimentos e, impulsionando o desenvolvimento urbano-rural integrado e o desenvolvimento regional coordenado, fazendo com que a economia alcance um salto eficaz na qualidade e um crescimento razoável na quantidade, acrescentou.

Ele assinalou que o sistema industrial será modernizado, com medidas para impulsionar a industrialização de novo tipo e acelerar a construção de um país forte em manufatura, qualidade, setor aeroespacial, transporte, ciberespaço e de uma China digital.

Para promover a revitalização rural em todos os aspectos, a China continuará a persistir na prioridade do desenvolvimento da agricultura e das áreas rurais, a consolidar e ampliar os resultados alcançados na redução da pobreza e a reforçar as bases para a segurança alimentar em todas as frentes, destacou.

Partido dos valores e da honestidade

Em seu discurso, Xi também se referiu à campanha anticorrupção, que desencadeou ao ser eleito em 2012, aumentando o prestígio e a legitimidade do Partido. “A luta contra a corrupção alcançou uma

vitória esmagadora e foi consolidada de forma abrangente, eliminando graves perigos latentes dentro do partido, do Estado e do exército”, disse ele.

Segundo dados oficiais, 4,6 milhões de casos foram investigados e pelo menos 1,5 milhão de pessoas foram punidas – inclusive integrantes de escalões elevados do Estado e Partido.

As investigações são realizadas pela Comissão Central para Inspeção da Disciplina do PCCh e as inspeções randômicas agora são à taxa de 10% a cada ano, um aumento em relação ao patamar prévio de 2 a 5%. Como relatou ao Global Times um delegado ao Congresso – todos passam por uma atenta checagem – é uma “honra duramente alcançada”.

“Um país, dois sistemas”

Em seu informe, o presidente Xi Jinping saudou os avanços em Hong Kong que, como observou, passou “do caos para a governança”, agora sob o lema de “patriotas governam Hong Kong”, depois do isolamento e derrota dos tumultos patrocinados desde fora. Ele ressaltou a atualidade da política de “Um país, dois sistemas”.

Diante das provocações dos EUA em relação a Taiwan, o presidente Xi denunciou a interferência de “forças externas” na ilha e ressaltou que Pequim vai “buscar a perspectiva de uma reunificação pacífica com a maior sinceridade e os maiores esforços” – mas alertou que a China “nunca desistirá do uso da força” para a reunificação.

Comunidade de futuro compartilhado

A China está dedicada a promover a criação de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade, disse Xi Jinping ao 20º Congresso. Enfatizando que a sociedade humana está enfrentando desafios sem precedentes, Xi convocou os países do mundo a fomentarem os valores comuns da humanidade como paz, desenvolvimento, equidade, justiça, democracia e liberdade, e a promoverem o conhecimento e o entendimento entre os povos, de forma a lidarem juntos com os desafios globais.

A China sustenta firmemente a política diplomática independente de paz, sempre decide sua posição e políticas com base nos méritos de cada caso, e defende as normas básicas que regem as relações internacionais, além de salvaguardar a equidade e a justiça internacional, sublinhou Xi.

A China – acrescentou – opõe-se com firmeza à hegemonia e política de força em todas as formas, à mentalidade da Guerra Fria, à interferência nos assuntos internos alheios e ao duplo critério. Ele assinalou que a China jamais buscará a hegemonia nem praticará o expansionismo.

A China está comprometida em desenvolver a amizade e a cooperação com outros países com base nos “Cinco Princípios de Coexistência Pacífica”, impulsiona o estabelecimento de um novo tipo de relações internacionais, amplia e aprofunda as parcerias globais baseadas na igualdade, abertura e cooperação, e se empenha a aumentar os pontos de convergência de interesses com outros países, disse Xi.

Contra as sanções e pelo multilateralismo

A China participa ativamente da reforma e desenvolvimento do sistema de governança global, persiste no verdadeiro multilateralismo, promove a democratização das relações internacionais, e se esforça para tornar a governança global mais justa e razoável, disse Xi.

A China – ele assinalou – se opõe às sanções unilaterais e à pressão máxima, ao estabelecimento de barreiras e ao desacoplamento e corte de cadeias industriais e de suprimentos. A China promove a facilitação do comércio e do investimento, a cooperação bilateral, regional e multilateral e a coordenação internacional de políticas macroeconômicas, a fim de criar em conjunto um ambiente internacional favorável ao desenvolvimento e fomentar novos motores ao desenvolvimento global, concluiu.

Os mais de 2 mil delegados irão escolher o novo Comitê Central de cerca de 200 membros, que por sua vez designará os 25 membros do Birô Político e aqueles que comporão o Comitê Permanente, órgão máximo decisório do país. Pela primeira vez desde as mudanças estabelecidas por Deng Xiaoping, o atual líder e presidente do país, Xi Jinping, será reeleito para um terceiro mandato. O que reflete o papel que ele tem desempenhado nos avanços do Partido e do Estado chinês, bem como os desafios sem precedentes que entraram na ordem do dia no mundo.

Papiro

(BL)