Sabesp/Divulgação

O Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Sintaema) fez um alerta à população para os riscos do projeto defendido pelo candidato bolsonarista ao governo, Tarcísio de Freitas, de privatizar a Sabesp.

Em debates e programas de TV, Tarcísio tem defendido o controle da Sabesp pela iniciativa privada, proposta rebatida pelo candidato do PT, Fernando Haddad, que ressalta que a medida afetará o bolso consumidor com “o aumento da conta de água, um bem essencial para a vida humana”.

“Se a Sabesp for privatizada quem vai pagar a conta é a população. Essa proposta de Tarcísio penaliza mais de 350 municípios de nosso estado”, afirmou o candidato do PT, Fernando Haddad, no Roda Viva da última segunda-feira (17).

“O meu adversário comete um grande erro de dizer que vai privatizar a Sabesp. Privatizar a Sabesp só interessa à Faria Lima e o que vai acontecer, daqui a 10 anos [se privatizar] vai mais do que dobrar a conta de água, que é um bem essencial. Nós não vamos privatizar a Sabesp, muito pelo contrário, vamos dinamizá-la para que ela também atue na despoluição dos rios”, declarou Haddad.

O sindicato relembra que “na crise sanitária da Covid-19, a empresa promoveu a isenção de tarifas para 2,5 milhões de moradias e suspendeu o corte de fornecimento por inadimplência. Também distribuiu 6.500 caixas d’água e instalou 530 lavatórios públicos. E se a Sabesp estiver sob o controle privado em meio a mais uma crise sanitária, de qual valor será a conta apresentada à sociedade após a crise?”. “Como empresa privada, a Sabesp visará somente a exploração econômica da lucratividade de um bem social: o direito à água tratada e ao saneamento”, ressalta.

Além da questão das tarifas, o Sintaema aponta para a qualidade da água, que sob controle público é testada e segue padrões da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Conforme o sindicato, se privatizada, “a empresa estará sob o comando de investidores e conglomerados financeiros, totalmente interessados em maximizar lucros e transferir dividendos aos seus acionistas, colocando em segundo plano a missão de melhoria da qualidade de vida e do meio ambiente”.

“A quem interessa privatizar? A Sabesp é o ente público que instrumentaliza o saneamento básico, que atende ao povo paulista sem visar tão somente o lucro financeiro, mas sim a melhoria da qualidade de vidas humanas”, defende o Sintaema.

Além de lucrativa, a Sabesp “alcançou resultados extraordinários graças à competência de seus funcionários e ao modelo de governança da empresa, processo permanente de aperfeiçoamento e na busca pela excelência”. “Qual seria o sentido de privatizar uma empresa financeiramente saudável, com credibilidade e confiança dos seus serviços e comprovada responsabilidades socioambiental e econômico-financeira?”, questiona a entidade.

Em seu documento, o Sintaema elenca ainda uma série de itens que demonstram o total absurdo de entregar para a iniciativa privada uma empresa que “completará 50 anos de serviços, reconhecida e muito bem avaliada pelas lideranças políticas e gestores municipais de 375 municípios, pela sociedade e, principalmente, pela população paulista”, e que leva saneamento e água tratada a comunidades carentes e isoladas, “sem remuneração de investimento por meio de tarifas”.

O sindicato afirma que a Sabesp “é amplamente superavitária” e que “há mais de três décadas não recebe aportes do Estado, ao contrário, transfere em média 15% do lucro como receita anual para o Tesouro do Estado”.

Para o diretor de Imprensa e Comunicação do Sintaema, Rene Vicente dos Santos, ouvido pelo Portal Vermelho, o debate sobre a privatização da Sabesp “tomou uma proporção muito maior que em campanhas anteriores, devido ao Marco Regulatório aprovado no Congresso e a privatização da Cedae, empresa de saneamento do Rio de Janeiro”.

“Temos uma preocupação grande com esta eleição, do ponto de vista operativo, no controle operacional que a inciativa privada pode ter. Serviços que eram feitos por sabespianos [servidores concursados], hoje são terceirizados. Com certeza vai colocar em risco setores fundamentais para o funcionamento da empresa e controle da qualidade”, afirmou.

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(BL)