Para o premiê belga De Croo, perspectivas são sombrias para a indústria europeia (archyde)

O primeiro-ministro da Bélgica, Alexander de Croo, somou-se às vozes que alertam sobre o desmantelamento do tecido industrial da Europa por conta da crise energética derivada das sanções contra a Rússia impostas pela União Europeia a mando dos Estados Unidos.

“Corremos o risco de uma desindustrialização maciça do continente europeu e as consequências em longo prazo podem ser realmente muito profundas”, afirmou De Croo em entrevista à imprensa britânica, nesta quinta-feira.

O chefe de governo belga alertou que a população dos países da União Europeia está recebendo “contas completamente loucas” e protestos sociais estão eclodindo e podem se acentuar ainda mais.

De Croo informou algumas medidas para amenizar a situação, entre elas que nos edifícios públicos o aquecimento e o ar condicionado serão programados a 19 graus e 27 graus, respectivamente, enquanto as luzes neles e a iluminação de monumentos serão desligadas entre as 19h00 e as 6h00 de cada dia.

Salientou que serão aplicados impostos adicionais para as empresas que obtiverem lucros excessivos na crise energética e explicou que este recurso será utilizado para ajudar os cidadãos com um fundo de solidariedade.

“O governo solicitou que as usinas nucleares Tihange 2 e Doel 3 permaneçam a plena carga até 31 de março de 2023”, disse.

Na Bélgica, existem 7 reatores na central nuclear de Doel, perto da fronteira holandesa, e 3 na central nuclear de Tihange, perto da fronteira alemã-luxemburguesa. A eletricidade gerada por esses reatores normalmente atende cerca de metade das necessidades do país.

Anteriormente, o reator Doel 3 estava programado para desligar em setembro último e o reator Tihange 2 em fevereiro de 2023 por que já estão em funcionamento há mais de 40 anos e existe uma legislação sobre a questão.

Com a decisão final, serão realizados trabalhos para estender o período de operação desses reatores.

Essa situação não está só atingindo a Bélgica. “Perante as dificuldades de abastecimento de energia, vários países europeus foram obrigados a recorrer ao carvão ou a prolongar a vida útil de algumas usinas nucleares. Tudo isto os afasta de atingirem os objetivos energéticos previamente anunciados pela Europa”, assinalou Wang Shuo, professor da Escola de Relações Internacionais da Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim, ao Global Times.

“À medida que a crise na Ucrânia se arrasta e a UE impõe sanções à Rússia, a Europa enfrenta a perspectiva sombria da desindustrialização. Os especialistas seguem sem ver forma eficaz de resolver o problema da escassez de energia, sem a qual o desenvolvimento da produção industrial é quase impossível”, acrescentou.

Segundo Wang, se a economia alemã, considerada o motor de toda a economia europeia, está se afundando ainda mais e se seu modelo econômico orientado para as exportações está sofrendo, isso afetará negativamente toda a economia da Zona do Euro.

Além disso, se a desindustrialização da Europa se tornar uma realidade, os Estados Unidos podem tentar se beneficiar, uma vez que as empresas europeias que saem do continente poderão, sem dúvida, beneficiar os Estados Unidos, resumiu o colunista.

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