Foto: reprodução

Às vésperas do primeiro turno das eleições deste ano, foi verificado o aumento de postagens, nos aplicativos de mensagens WhatsApp e Telegram, contendo notícias falsas e desinformação especialmente sobre as urnas eletrônicas. É o que indica relatório elaborado pelo NetLab, grupo de pesquisa da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O conteúdo, publicado pelo site BBC Brasil, mostra que tais mensagens investem contra a lisura do sistema eleitoral brasileiro, trazendo inclusive o que seriam supostas evidências de que haveria fraude. Outras postagens têm como teor o estímulo a comportamentos dos eleitores que vão contra as regras vigentes e estabelecidas pelas autoridades eleitorais. 

Esse tipo de conteúdo é tradicional entre os bolsonaristas que, seguindo cegamente o presidente da República Jair Bolsonaro (PL), insistem em levantar dúvidas sobre as urnas sem apresentar nenhuma prova concreta de fraude. O próprio mandatário já foi responsável por ao menos 100 ataques às urnas, segundo o mesmo site.

Para barrar os efeitos desse discurso e demonstrar a segurança do sistema, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tomou diversas medidas ao longo dos últimos meses. Durante teste de integridade de biometria realizada em uma escola de Brasília neste domingo (2), o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes declarou: “A Justiça Eleitoral reafirma a transparência, a segurança e a auditabilidade das urnas eletrônicas. A grande vencedora das eleições de hoje será a sociedade brasileira”. 

O relatório “Ameaças à segurança da votação” constatou ainda a existência de 27 grupos no Telegrama, um para cada estado, com cerca de 90 mil pessoas, cujo objetivo seria fazer uma “contagem pública” dos votos. 

Para elaborar o relatório, o NetLab analisou mais de 4 mil mensagens publicadas nos aplicativos entre 25 de julho e 26 de setembro. No Whats, por exemplo, pelo menos 2 mil mensagens compartilhadas por mil usuários únicos em 150 grupos monitorados traziam termos relacionados à segurança das eleições. 

Também foram identificados alguns picos de envio desse tipo de conteúdo. No caso do Whats, no final de setembro, ou seja, às vésperas do pleito, o tema da segurança das urnas ganhou mais força. Outro momento que concentrou desinformação foi um dia antes do 7 de Setembro. O Telegram, por sua vez, teve seu pico no dia 22 de setembro. 

“Identificamos muitos textos idênticos sendo replicados, o que nos leva a crer que há uma espécie de disparo em massa desses conteúdos, usando tecnologia ou por pessoas”, disse, à BBC Brasil, a fundadora do NetLab e professora da UFRJ, Rose Marie Santini. 

Segundo informou o site, o relatório com essas conclusões foi encaminhado ao TSE. Conforme resolução de 2021 do TSE, é vedada a divulgação ou compartilhamento “de fatos sabidamente inverídicos ou gravemente descontextualizados” que atinjam os processos de votação e a apuração e totalização de votos.