Marco Ricca diz que Bolsonaro está no poder para destruir
O ator e cineasta, Marco Ricca, disse em entrevista ao Estadão, nesta segunda-feira (17), que o governo de Jair Bolsonaro (PL) “está aí para destruir, não para construir”. A declaração foi feita após ele ser questionado sobre a falta de incentivo no setor cultural e sem instrumentos da lei Rouanet e do ProAC.
O cineasta, de 59 anos, possui dois filmes que estarão na 46ª Mostra Internacional de Cinema, “Paterno” e “O Clube dos Anjos”, brincou com a ideia de ser o “rei dos filmes de baixo orçamento”. Ele disse ainda que faz cinema porque “ama as coisas de verdade”, mas que ninguém consegue ganhar dinheiro com filmes no Brasil atualmente.
“Nós não vivemos sem leis de incentivo, não há possibilidade do cinema brasileiro viver. Não só o cinema, como o teatro, as artes em geral. Esses dois filmes são de baixíssimo orçamento, talvez eu seja o rei do baixo orçamento”, disse.
Para ele, a falta de incentivo na área se trata de um projeto do atual governo. “É um projeto desse canalha que está no poder agora. Eles estão aí para destruir, não para construir. Isso está claro no discurso de todos eles. Um dos motivos é destruir a cultura para impor um outro tipo de pensamento.”
Ao ser indagado ainda sobre a ideia que a maioria das pessoas têm em relação a lei Rouanet, de que a classe artística viveria na ‘mamata’, Ricca destaca: “o que se entrega de volta é muito grande perto do que se recebe pra fazer esses filmes”.
“Perto do esforço, do pensamento, da inteligência dessas pessoas. Se tudo der certo isso acaba logo, ninguém mama em lugar nenhum, ninguém sobrevive de fazer um filme. Se isso existiu uma vez, não é o que está acontecendo agora. Se há alguma coisa que está errada, consertemos, mas não é para destruir. O que o governo quer é destruir a cultura, a ciência, a educação…”, enfatiza.
Com forte oposição a Bolsonaro, Ricca lembrou ainda da época em que pegou Covid. Em 2020, o ator chegou a ser entubado duas vezes e reconhece que sua sobrevivência pouco teve a ver com sorte, mas com privilégios e que o governo teve um “descaso absoluto com os seres humanos. “Esse País é absolutamente despreparado, com pessoas que não souberam e não quiseram cuidar de ninguém. Eu fui muito bem cuidado, então eu saí de lá observando mais o que estava ao largo do que a mim mesmo.”, disse.
“Até hoje eu penso nas sequelas que ficaram em mim e penso nas sequelas que ficaram nos outros, mas eu tenho a possibilidade de me cuidar. A maioria não tem o privilégio de ter um plano de saúde”, completou.
Vamos pensar só nesses dois filmes, de tantos que eu já fiz. O que se entrega de volta é muito grande perto do que se recebe pra fazer esses filmes, compreende? Perto do esforço, do pensamento, da inteligência dessas pessoas. Se tudo der certo isso acaba logo, ninguém mama em lugar nenhum, ninguém sobrevive de fazer um filme. Se isso existiu uma vez, não é o que está acontecendo agora. Se há alguma coisa que está errada, consertemos, mas não é para destruir. O que o governo quer é destruir a cultura, a ciência, a educação…
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Sessões de PATERNO na 46ª Mostra Internacional de Cinema
Dia 22 de outubro, sábado, às 18h30, no Frei Caneca 1
Dia 01 de novembro, terça-feira, às 19h, no Cineclube Cortina
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Exibição de O CLUBE DOS ANJOS na 46ª Mostra Internacional de Cinema:
Dia 23 de outubro, domingo, às 20h15, no Espaço Itaú de Cinema Augusta – sala 1
Dia 01 de novembro, terça-feira, às 21h20, no Cineclube Cortina