O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) registra expressivo crescimento entre os eleitores mais jovens na reta final deste segundo turno. Segundo pesquisa Ipec divulgada nesta segunda-feira (24), a seis dias das eleições presidenciais de 2022, as intenções de voto em Lula na juventude evoluíram acima da margem de erro.

Entre os brasileiros de 16 a 24 anos, o petista passou de 53% para 59% em uma semana, enquanto seu adversário, o presidente Jair Bolsonaro (PL), recuou de 40% para 34%. Assim, a distância entre os candidatos – que era de 13 pontos percentuais – saltou para 25 pontos.

O ex-presidente também melhorou seu desempenho junto ao eleitorado de 25 a 34 anos. Em 17 de outubro, Lula e Bolsonaro empatavam nessa faixa – cada um registrava 47%. Uma semana depois, Lula abriu seis pontos de vantagem: 50% a 44%.

Em compensação, Bolsonaro ultrapassou Lula entre eleitores de 35 a 44 anos e encostou na faixa acima de 60. Com isso, os percentuais de voto dos dois presidenciáveis no conjunto do eleitorado se mantiveram iguais aos da semana passada: 50% para o ex-presidente e 43% para o atual mandatário.

A despeito de a projeção de votos parecer inalterada, a troca de eleitores é benéfica à campanha de Lula. Historicamente, o eleitor mais jovem comparece mais às urnas do que os mais idosos.

“É esperado que a abstenção entre os idosos volte a aumentar no segundo turno, como sempre aumenta. O fato de o Lula estar trocando o eleitor idoso pelo eleitor jovem pode ser bom para ele do ponto de vista da abstenção”, afirma o jornalista José Roberto de Toledo, colunista do UOL e especialista em pesquisas eleitorais.

O avanço da candidatura de Lula junto à juventude ocorre, curiosamente, num momento em que Bolsonaro aposta na divulgação de apoios de ídolos populares entre jovens, como o jogador Neymar e o cantor sertanejo Gusttavo Lima. Lula, em contrapartida, participou em 18 de outubro do Flow Podcast, que bateu seu recorde de audiência no YouTube, alcançando mais de 1,1 milhão de espectadores simultâneos. No domingo, o ex-presidente participou de outro podcast, o Desce a Letra (DL) Show.

“A campanha do Lula acordou. Ela só estava olhando para o passado e fazendo referência ao que o Lula já tinha feito – coisas que esses jovens de 16 a 24 anos não experimentaram como gente que vota”, diz José Roberto de Toledo. “Não adianta falar para esse público do passado – tem que falar do futuro. Houve essa mudança na campanha do Lula: eles reavaliaram e realinharam o discurso do Lula – e isso talvez explique esse crescimento fora da margem.”