Dinheiro | Marcello Casal/ABr

Em setembro, 6,3 milhões de empresas estavam com dívidas atrasadas. É o maior número de negócios nessas condições, desde o início da série em março de 2016, segundo pesquisa da Serasa Experian. Do total, 5,6 milhões são micro e pequenas empresas, um aumento de 5% em relação a setembro de 2021.

Luiz Rabi, economista da Serasa Experian, afirma que o recorde é reflexo de dois motivos principais: o aumento da inadimplência das pessoas físicas e o aumento da taxa básica de juros. Rabi acrescenta que, quando o comprador final está endividado, alguma empresa deixa de receber os pagamentos. A inadimplência das pessoas puxa a das empresas.

Além disso, os juros elevados, impostos pelo Banco Central com aval do governo Bolsonaro, aumentam os custos das empresas e dificultam o acesso ao crédito, inibindo novos investimentos e contratações.

O estudo, divulgado com exclusividade pelo Uol, mostra que as empresas devem, em média, R$ 16.771,80. Cada empresa deve, em média, para 7,1 credores. A dívida atrasada total é de R$ 105,2 bilhões. É considerada inadimplente a empresa que tem pelo menos uma conta vencida e não paga.

O setor de serviços lidera o ranking, representando 53,3% dos negócios negativados. Em seguida, aparecem o comércio (37,7%), indústria (7,8%) e o setor primário (0,8%), responsável pela produção de matérias-primas, e outros (0,4%).

São 20,4 milhões de empresas no Brasil, de acordo com o Mapa das Empresas do governo federal. Os 6,3 milhões significam que 30% das empresas do país estavam inadimplentes em setembro deste ano.

De acordo com pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), quatro em cada dez brasileiros adultos estavam negativados até setembro, um total de 64,25 milhões de pessoas, um recorde no levantamento da CNDL, realizado há oito anos.

Os resultados das pesquisas da Serasa e da CNDL estão alinhados com a situação desesperadora dos 33 milhões de brasileiros passando fome, entre outras graves situações como o desemprego elevado, carestia e renda arrochada.

O caso do menino Bruno de 12, de Praia Grande, no litoral de São Paulo, pedindo ajuda nas redes, é ilustrativo da situação dramática de grande parcela do povo brasileiro: “acabou o gás e a gente não tem muita comida”, “estou vendo minha mãe sofrer”.

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(BL)