Greve atingiu o transporte ferroviário da Inglaterra, Escócia e País de Gales. (Carlos Jasso/AFP-CP)

A maior parte dos serviços de trem no Reino Unido foi suspensa neste sábado (8), após os trabalhadores ferroviários realizarem mais uma da série de greves por aumento salarial para acompanhar a inflação que está em mais de 10%, além de melhores condições de trabalho. A inflação recorde é puxada pelo aumento da energia causado pelas sanções contra a Rússia, impostas por Washington e apoiadas pelos governos europeus.

A paralisação, que durou 24 horas, contou com a adesão de mais de 40 mil trabalhadores, entre eles faxineiros, sinalizadores, funcionários de manutenção e das estações.

Durante o verão, os protestos se multiplicaram. Transporte aéreo e marítimo, Amazon, call centers, advogados criminalistas e serviço de enfermagem, foram algumas das medidas de força com as quais a premiê Liz Truss tem lidado desde sua chegada ao governo.

Esta é é a segunda greve do mês nas ferrovias. No dia 1º de outubro, os quatro sindicatos do setor (Sindicato dos Transportes Ferroviários e Marítimos [RMT na sigla em inglês], Unite, Aslef e TSSA) organizaram um protesto e mobilização, mas as reivindicações apresentadas sequer foram avaliadas pela patronal.

O secretário-geral do RMT, Mick Lynch, pediu ao governo que mediasse entre sindicatos e empregadores para negociar um acordo. O sindicalista alertou a ministra dos Transportes, Anne Marie Trevelyan, em uma carta: “Você deve liberar os operadores ferroviários que, atualmente, recebem seu mandato diretamente de você”.

O descontentamento no Reino Unido é crescente. O retrocesso de Liz Truss revelou a magnitude da crise quando ela teve que suspender um corte de impostos de 7 bilhões de libras para os super ricos, uma de suas promessas de campanha.

Esta paralisação segue a greve do Metrô organizada na sexta-feira (7) em Londres, que afetou várias linhas na capital britânica.

O RMT assegurou que essa medida de força [a greve] responde ao “impasse” em que se encontram as negociações com os empregadores, pelo que avisa que os protestos vão continuar.

Da mesma forma, denunciou o governo britânico por pressionar as empresas de transporte para que não ofereçam melhores condições de trabalho aos seus funcionários, provavelmente por que isso encorajaria a luta de outros setores da sociedade.

“A inflação pode chegar a 20% no ano que vem”, ressaltou Mick Lynch. “Sabemos que é difícil para o público, porém parar as greves será impossível aos trabalhadores. Enquanto isso, as empresas ferroviárias lucram, e pedem que renunciemos aos pedidos de aumento. É inaceitável”, afirmou.

“Os salários do setor público estão congelados desde 2010, e os salários do setor privado caíram muito devido à escalada inflacionária”, ressaltou.

Lynch responsabilizou o governo pela greve: “foram eles que provocaram esse conflito”, propondo diante da inflação e da crise que os trabalhadores enfrentam “a supressão de empregos, redução das aposentadorias e dos salários”.

Papiro