Edifício-sede do Banco Central | Foto Marcello Casal Jr/Agência Brasil

A economia brasileira registrou queda de 1,13% em agosto, na comparação com julho deste ano, de acordo com o Índice de Atividade Econômica (IBC-BR) do Banco Central (BC), segundo dados divulgados nesta segunda-feira (17). Trata-se do maior recuo mensal do indicador desde março de 2021. O IBC-BR é considerado uma “prévia” do Produto Interno Bruto (PIB) por antecipar os resultados da atividade econômica, mas usa metodologia diferente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo número oficial.

Ao contrário do que vem dizendo Bolsonaro, de que a economia está “bombando”, ela segue patinando, em meio aos maiores juros reais do mundo, inflação elevada, renda arrochada, 40% dos trabalhadores na informalidade e 33 milhões de brasileiros na fome.

Os altos juros, inflação e queda da renda do trabalhador puxam para baixo o consumo das famílias – cada vez mais endividadas. Além do alto nível de desemprego, que no final do mês de agosto, atingiu 9,7 milhões de pessoas no país, e outros 39,3 milhões sobrevivendo no trabalho precário, sem carteira de trabalho – na sua maioria em ocupações de baixa qualidade, com jornadas excessivas e rendas miseráveis.

Em agosto, a produção industrial teve o pior desempenho para o mês desde 2018, ao registrar queda de 0,6% frente a julho, segundo o IBGE. De janeiro a agosto, o setor acumula um recuo na sua produção de 1,3% frente ao mesmo período de 2021. Em 12 meses, a queda chega a 2,7%.

Diante da escassez dos investimentos públicos e dos juros elevados, que inibem os investimentos privados, além da falta de expectativas nestes últimos quatro anos de governo Bolsonaro de melhora concreta no quadro econômico do país, a indústria brasileira hoje atua 1,5% abaixo do patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020). Também está 17,9% atrás do seu nível recorde alcançado em maio de 2011.

Já o comércio varejista brasileiro, acumula no ano queda nas vendas de -0,8% e retração de -2,0% nos últimos 12 meses. Em agosto, o volume de vendas do comércio varejista na sua modalidade ampliada recuou -0,6% frente a julho.

Por sua vez, o setor de serviços, único ramo que tem apresentado números positivos ao longo deste ano por consequência do desprendimento da demanda reprimida pela pandemia de Covid-19, já demostra perda de ritmo. Em agosto, o volume de serviços prestados no Brasil ficou pouco acima de zero (0,7%) frente ao mês anterior.

Os serviços de transportes recuaram 0,2% em agosto. Observa-se, ainda, que apesar dos serviços prestados às famílias ter variado positivamente em 1,0% em agosto, o

segmento está ainda 4,8% abaixo do patamar observado em fevereiro de 2020. Estão incluídos nos serviços prestados às famílias as categorias: Alojamento e alimentação e Outros serviços prestados às famílias (atividades culturais de recreação, lazer, além de outros serviços como academia de ginástica, cabeleireiro e de educação não continuada). Alojamento e alimentação cresceram 1,8% frente a julho, enquanto outros serviços prestados às famílias tiveram queda de -4,4%, no período.

Em agosto, 79% das famílias estavam endividadas, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O endividamento seguiu crescendo em setembro (79,3%), batendo recorde na proporção de endividados das famílias de menor renda, que “pela primeira vez na história da pesquisa, ultrapassou a marca de 80%, chegando a 80,3%. O maior patamar já registrado na série histórica da pesquisa da CNC, que teve início em 2010”, destacou a entidade.

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(BL)